Resumo |
Introdução: A distribuição da gordura corporal exerce grande influência sobre o risco cardiometabólico. Estudos epidemiológicos têm abordado a maior influência da gordura central nas anormalidades associadas à obesidade. Assim, o Índice de Adiposidade Visceral (IAV) tem sido proposto como um novo marcador de acúmulo e disfunção do tecido adiposo visceral. Nessa perspectiva, faz-se importante conhecer mais sobre esse índice e sua relação com as alterações metabólicas na adolescência. Objetivos: Estimar a prevalência de alterações cardiometabólicas de acordo com o IAV em adolescentes do município de Viçosa, Minas Gerais (MG). Metodologia: Estudo transversal, com 800 adolescentes (414 meninas e 386 meninos), de 10 a 19 anos, selecionados por meio de amostragem aleatória simples nas escolas públicas e privadas de Viçosa (MG). Foram aferidos peso, estatura e perímetro da cintura e, a partir dessas medidas, foi calculada a relação cintura/estatura (RCE). A composição corporal foi avaliada utilizando-se a densitometria óssea de dupla emissão (DEXA). Além disso, o perfil lipídico (LDL, HDL, triglicerídeos) e glicídico (glicemia de jejum e insulinemia) foram determinados. O IAV foi calculado para os sexo masculino VAI = (CC/39,68+(1,88 x IMC)) x (TG/1,03) x (1,31/HDL) e para o sexo feminino VAI = (CC/36,58+(1,89 x IMC)) x (TG/0,81) x (1,52/HDL). O IAV foi considerado elevado para valores ≥p90 (3,18 e 5,01, para sexo masculino e feminino, respectivamente). As análises foram conduzidas no software SPSS, versão 20.0. As variáveis categóricas foram descritas por meio de frequências absolutas e relativas e avaliadas por meio do qui-quadrado ou do teste Exato de Fisher. O nível de significância adotado foi de α=5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (Of. Ref. N° 0140/2010 e Of. Ref. N° 674.045/2014). Resultados: Adolescentes do sexo masculino com elevado IAV apresentaram maior prevalência de gordura corporal elevada (46,9% vs. 15,4%, p=0,01), RCE elevada (52,6% vs. 10,3%), hiperinsulinemia (26,3% vs. 5,2%), hipertrigliceridemia (97,4% vs. 6,9%), bem como maior prevalência de baixos níveis de HDL (94,7% vs. 98,4%; p = 0,01) em relação àqueles que apresentaram valores mais baixos do índice. Em relação ao sexo feminino, adolescentes com elevado IAV apresentaram maior prevalência de gordura corporal elevada (57,1% vs. 32,4%; p=0,004), RCE elevada (46,3% vs. 22,8%; p=0,001) e hiperinsulinemia (36,6% vs. 9,9%; 0,01), hiperglicemia (4,9% vs. 0,3%; p = 0,03), hipertrigliceridemia (100% vs. 0%; p = 0,01) em relação àquelas que apresentaram valores mais baixos do IAV. Ainda, em valores do IAV elevados houve maior prevalência de baixas concentrações de HDL (80,5% vs. 28,7%; p = 0,01). Conclusão: A prevalência de alterações cardiometabólicas foi maior em adolescentes com elevado IAV em ambos os sexos. Portanto, o IAV é uma possível alternativa para identificação precoce do risco cardiometabólico. |