Resumo |
A proteína bruta (PB) da dieta é dividida em proteína degradada no rúmen (PDR) e proteína não degradada no rúmen (PNDR) em ruminantes. Os microrganismos ruminais utilizam a PDR para a síntese de proteína microbiana (Pmic). Esta, em conjunto com a PNDR, são as principais fontes de aminoácidos disponíveis para absorção no intestino. Uma das alternativas de reduzir a degradação ruminal da PB é o processamento térmico, devido à desnaturação da proteína por quebra de pontes de hidrogênio e ligações dissulfeto, reduz sua solubilidade ruminal e diminui a sua taxa de degradação, aumentando a PNDR (Van Soest, 1982). Assim, objetivamos identificar a melhor forma de maximizar a PNDR dos alimentos proteicos utilizando duas formas de processamento térmico: método 1 (M1) – micro-ondas; e método 2 (M2) – radiação infravermelha. Inicialmente foram obtidas diferentes amostras de alimentos, farelo de soja (Glycine max (L.) Merr), farelo de trigo (Triticum aestivum), farelo de algodão 38% (Gossypium hirsutum), Promil®, Refinazil®, caroço de algodão (Gossypium hirsutum) e soja grão (Glycine max (L.) Merr). Todas as amostras foram processadas a 2 mm e pesadas em porções iguais de 300 g. Dessa maneira todas as amostras foram aquecidas em cada um dos métodos. Previamente testamos vários tempos em M1 e M2 de forma a identificar os tempos que maximizariam o conteúdo de PNDR utilizando o farelo de soja como alimento padrão. Dessa maneira chegamos aos tempos de 30 e 38 minutos para o M1, 60 e 91 minutos para o M2. Após o tratamento térmico, seguiu-se a incubação in situ utilizando sacos de náilon (Sefar Nitex; Sefar, Suíça) com porosidade de 50 μm com dimensões de 8 × 15 cm. Em cada saco foram acondicionadas aproximadamente 6 g de amostra seca ao ar. Utilizamos 4 novilhos Nelore com peso médio de 450 kg, fistulados no rúmen, recebendo silagem de milho e concentrado com uma relação (v:c) 80:20. As amostras ficaram incubadas por 16 h, sendo todas amostras colocadas aos mesmo tempo nos animais. Os resíduos pós incubação e os alimentos foram analisados para PB e matéria seca. Assim a degradabilidade da PB é igual a PB(g) incubada menos a PB(g) do resíduo dividido pela PB(g) incubada vezes 100. Os dados foram analisados segundo um delineamento inteiramente casualizado, através do procedimento MIXED do SAS 9.4 (SAS, 2008), considerado significativo quando P < 0,05. Ambos os métodos foram eficientes na redução da degradabilidade da PB no rúmen (P < 0,001). Também não foi observada interação tratamento x alimento para M1 (P > 0,288) e M2 (P > 0,055). Ainda para M1 não foi significativo o tempo de aquecimento (P > 0,001) e a degradação ruminal foi de 30%, diferente do M2 que foi significativo os tempos de 60 e 91 min (P < 0,001) e os resultados da degradação ruminal foram de 62% e 57%, respectivamente. Concluimos que ambos métodos de processamento são capazes de aumentar a PNDR de concentrados proteicos. |