Resumo |
O trabalho possui uma natureza ambivalente, podendo trazer auto-realização, felicidade, saúde, prazer, e também, alienação, tristeza, doença e sofrimento (DEJOURS, 1992, 2008). Especificamente sobre o trabalho dos gerentes, tem-se a sobrecarga, a variabilidade de tarefas, a ambiguidade, o estresse, o excesso de responsabilidades, que podem acarretar danos físicos e mentais a estes indivíduos (DAVEL; MELO 2005). Diante do contexto, o objetivo deste estudo foi descrever e analisar as percepções de prazer e sofrimento no trabalho dos gerentes. A presença conjunta de prazer e sofrimento e a saúde envolve quatro dimensões: as causas do risco de adoecimento (contexto do trabalho), as exigências do trabalho (custo humano), as vivências positivas e negativas no trabalho (prazer e sofrimento) e os sintomas físicos e psicossociais dos indivíduos (danos) (FERREIRA; MENDES, 2007). Realizou-se uma pesquisa quantitativa com 142 gerentes de vários segmentos da economia. Os dados foram coletados, de forma online, por meio do Inventário sobre Trabalho e Risco de Adoecimento (ITRA), de Ferreira e Mendes (2007). Os dados foram analisados por estatística descritiva univariada. Na análise dos resultados, para a avaliação do Contexto de Trabalho as médias foram: Organização do Trabalho (3,39), Relações Socioprofissionais (2,57) e Condições de trabalho (1,74). O nível mais crítico se deu na Organização do trabalho, indicando problemas na divisão e conteúdo das tarefas e ritmos excessivos de trabalho. Sobre o Custo Humano no Trabalho aferiu-se: custo afetivo (2,91), custo cognitivo (4,08) e custo físico (1,94). O cognitivo foi o mais crítico, pelo excesso de problemas e imprevistos no trabalho gerencial. Sobre as vivências de positivas e negativas teve-se as médias, nas que trazem prazer: Realização Profissional (3,83) e Liberdade (3,78). Evidencia-se que os gerentes não se sentem tão realizados nos seus trabalhos e sentem falta de cooperação entre os pares. Sobre as vivências negativas, que são referentes ao sofrimento, as médias foram Esgotamento Profissional (2,80) e Falta de Reconhecimento (2,05). Pode-se inferir alto nível de estresse e que frequentemente os respondentes sentiram-se desqualificados e sem reconhecimento no trabalho. Quanto aos sintomas físicos e psicossociais, ou seja, os danos que indicam os efeitos do trabalho nos gerentes, tem-se os danos físicos (2,14), os psicológicos (1,90) e os sociais (2,17). Percebeu-se que os danos psicológicos apresentam-se em níveis mais críticos, ou seja, os gerentes participantes apresentam sentimentos negativos relacionados a si mesmos e à própria vida. Conclui-se que o contexto do trabalho, o custo humano no trabalho, as vivências de prazer e sofrimento e os danos relacionados ao trabalho, para a amostra pesquisada, encontram-se em níveis críticos. Nenhuma das dimensões apresentou resultado grave, o que indica que as percepções de prazer e sofrimento no trabalho encontram-se de forma equilibrada. |