Resumo |
O Brasil é o maior produtor de carvão vegetal do mundo e utiliza madeira como fonte de matéria-prima. Entretanto, novas biomassas estão sendo estudadas para que possam substituí-las ou serem utilizadas em conjuntos devido a maior demanda de madeira por diferentes segmentos. Dentre as biomassas alternativas a madeira para energia, destaca-se o bambu, devido a sua alta produtividade e curto rotação. Porém, ainda são poucos os estudos de carbonização do bambu em sistemas maiores, tendo apenas estudos em mufla, ou seja, em pequenas escalas, o que difere dos fornos pilotos ou industriais que são na sua maioria, autotérmicos. Logo, o objetivo do trabalho foi obter o perfil térmico e as propriedades do carvão vegetal oriundo do Bambusa vulgaris produzido no sistema fornos-fornalha. O experimento foi realizado no Laboratório de Painéis e Energia da Madeira (UFV), em um sistema fornos-fornalha, composto por 4 fornos circulares, conectados a um queimador de gases (fornalha). O biomassa usada possuía cerca de 52 % de umidade e a carbonização foi dividida em três fases, sendo que a primeira fase: 8 horas a 150ºC(Secagem), a segunda fase: 12 horas a 250ºC e a terceira: 2 horas a 350ºC, totalizando 22 horas de carbonização. Para a coleta dos dados foram usados termopares e pirômetro. Após a carbonização procedeu o descarregamento para obtenção do rendimento gravimétrico e qualidade do carvão vegetal produzido. De acordo com os resultados, o rendimento gravimétrico foi de 37,3%, considerado alto, porém o teor de carbono fixo de 71%, foi baixo, pois tanto para cocção quanto para siderurgia o valor médio desejado é de 75%. Vale salientar que esse valor pode ser obtido, aumentando a fase de secagem da biomassa e/ou aumento o tempo na ultima fase do processo de carbonização, sendo essa de fixação de carbono. Logo, recomenda-se estudos de curvas de carbonização do bambu com diferentes teores de umidades e tempos de secagem, e incremento na fase de fixação para atendimento aos padrões de carbono fixo desejado no mercado. Vale salientar que com a adequação do teor de carbono fixo, haverá uma redução no rendimento gravimétrico, visto que essas são inversamente proporcionais. Esses estudos preliminares evidenciam a necessidade de ajustes no processo de carbonização, em campo, para produção de carvão vegetal de Bambusa vulgaris. |