Resumo |
A abordagem do tema colorismo deve integrar o currículo escolar como prática de uma educação antirracista. Partindo dessa premissa, um grupo de estudantes do ensino médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, Campus Ponte Nova, se mobilizou para promover ações no âmbito da disciplina Tópicos Especiais - Gestão Pública. O objetivo consistiu em promover a conscientização sobre como o colorismo é uma vertente do racismo, e como ele afeta pessoas negras de diversos tons de pele no convívio social. Cunhado em 1982, o conceito colorismo foi utilizado pela escritora estadunidense Alice Walker para explicar que a segregação racial aceita mais facilmente pessoas negras de pele clara. No que se refere à metodologia, foram realizadas pesquisas bibliográficas, apresentação de seminário, uma roda de conversa com o artista Arthur Vinih, e posteriormente, uma avaliação com os participantes via formulário. Os resultados confirmaram o pressuposto de que o colorismo é um tema pouco conhecido e discutido nas escolas. Na elaboração da roda de conversa como uma ação de política pública, o grupo de estudantes conseguiu mobilizar colegas de todo o ensino médio, contudo participaram majoritariamente pessoas negras. Esse fato levantou uma questão para reflexão: porque poucos estudantes brancos se interessam por discutir racismo? As conversas foram fluindo, com destaque para vários relatos de preconceito sofrido por meninas desde a educação infantil, especialmente em relação ao cabelo, sendo alvos de comentários racistas de colegas e de professores. Por isso, incluir o tema colorismo no currículo escolar contribui para promover reparação histórica, relações justas, uma sociedade mais consciente e mais representativa, além de contemplar a obrigatoriedade de combate ao racismo na Educação Básica, conforme Projeto de Lei recém aprovado na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal (PL 288/2022). Em síntese, é importante destacar um quase silenciamento sobre o colorismo nas escolas e uma legislação tardia, o que impacta no predomínio do senso comum e na valorização da identidade negra no ambiente escolar. Como encaminhamento, a expectativa é que a ideia surgida na roda de conversa quanto a criação de um coletivo de meninas negras se concretize no próximo semestre como um projeto de extensão que envolverá outros atores locais, a exemplo da secretaria de educação e do legislativo municipal. O presente grupo de estudantes, de diferentes tons de pele negra, acredita que a população negra unida tem maior poder para lutar contra os frutos do racismo estrutural fincados nas raízes do Brasil, e a escola é uma arma fundamental para essa luta. |