Resumo |
A síndrome metabólica equina (SME) é uma afecção caracterizada por desregulação insulínica (DI) que está associada ao aumento do risco de desenvolvimento de laminite endocrinopática e pode estar associada à obesidade. Os animais que apresentam a síndrome manifestam acúmulo de adipócitos, sobretudo, no pescoço e na base da cauda, expressando fenótipo bastante característico. Embora a obesidade não seja critério patognomônico de resistência à insulina (RI), há uma relação direta entre as condições, uma vez que o excesso de adipócitos está relacionado com a elevação da concentração de leptina e ácidos graxos não esterificados bem como de citocinas inflamatórias que interferem na DI. A disfunção caracteriza-se por hiperinsulinemia que provoca superestimulação de fatores de crescimento semelhante à insulina tipo I (IGF-1) que podem ocasionar laminite. Nesse sentido, o objetivo deste presente trabalho é relatar o caso de um equino, fêmea, com 5 anos de idade que foi admitido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa (UFV) com queixa principal de queda de desempenho. Como a queda de desempenho é uma queixa inespecífica, diversos sistemas foram avaliados. O exame físico demonstrou escore de condição corporal alto (5 de 5), taquipneia e pelos longos e grossos. As avaliações hematológicas e bioquímicas não apresentaram alterações. O exame neurológico, eletrocardiograma, exame locomotor, teste de anidrose, ultrassonografia abdominal e torácica e endoscopia das vias aéreas anteriores não revelaram alterações. Úlceras gástricas foram observadas na gastroscopia e tratamento com omeprazol foi instituído. O teste dinâmico de glicose oral (administração de xarope de milho oral, seguido de coletas de sangue seriadas) revelou aumento significativo da concentração de insulina circulante. Devido ao histórico de pelos longos e demora de troca de pelo em relação aos outros animais da propriedade, realizou-se a mensuração de hormônio adrenocorticotrófico, cujo resultado foi negativo para Disfunção da Pars Intermédia da Pituitária. Os achados foram compatíveis com SME, portanto, prescreveu-se dieta com baixo índice glicêmico e exercício físico controlado para perda de peso e controle da resposta insulínica, associado à administração de levotiroxina. A égua respondeu bem à terapia instituída e encontra-se no momento de volta às pistas com desempenho excelente. Este relato demonstra a influencia negativa da obesidade no desempenho de equinos atletas e a importância do diagnóstico da SME. |