Resumo |
O trabalho, que ora se apresenta, é parte de uma pesquisa de iniciação científica que tem sido desenvolvida de forma voluntária, cujo objetivo está centrado em estudar a aplicação de alguns conceitos da Teoria Semiolinguística do Discurso (TS), desenvolvida pelo teórico Patrick Charaudeau, para a compreensão da configuração linguístico-discursiva da obra "O Pequeno Príncipe". De acordo com o semiolinguista, todos os atos de linguagem são formulados e produzidos por e para determinados sujeitos, e os efeitos de sentido desses atos se dão em um imbricamento entre aquilo que é interno e aquilo é externo à fala configurada. O teórico defende que, para que ocorra uma troca linguageira, é necessário que os parceiros se reconheçam mutuamente e que compreendam a finalidade da troca, o que determinará uma intercompreensão exitosa de um determinado projeto de fala. Posto isso, a Teoria Semiolinguística do Discurso (TS) é vislumbrada como uma proposta de análise de discurso, contemplando assim um instrumental tanto teórico quanto metodológico para que se trabalhe com a materialidade linguageira. Tendo em vista esses pressupostos, nossa proposta é realizar uma breve análise de alguns aspectos do livro infanto-juvenil “O Pequeno Príncipe”, de Saint-Exupéry, mobilizando, de modo específico, os conceitos de sujeitos, contrato, gênero e estratégia discursiva. A nosso ver, a investigação que empreendemos pode ser pertinente para a aplicação e, por conseguinte, para a compreensão da configuração semiolinguística de outros objetos de estudo, notadamente, de livros (ficcionais e também factuais). A obra tomada como corpus fora publicada originalmente em, 6 de abril de 1943, nos Estados Unidos, e conta as aventuras de um príncipe vindo do planeta Asteroide B612, que caíra na terra. Obra literária, de cunho ficcional, popularmente conhecida, é, em nosso entender, uma publicação de grande pertinência por pertencer ao universo literário de muitas crianças, adolescentes, jovens e universitários. A complexidade dos sujeitos/das vozes que emergem nesse livro torna-o particularmente instigante para nós em termos de instâncias de produção e de recepção discursivas. Como resultados obtidos até o presente momento, pontuamos o delineamento de uma macro e de uma micro situação de comunicação, da qual fazem parte o autor, os leitores (reais e idealizados) da obra, o narrador, os enunciadores e os personagens. O contrato de comunicação, no caso estudado, leva-nos a identificar os parceiros em interação, o propósito e a finalidade da troca que se estabelece na interlocução, esta que lança mão, também, de determinadas estratégias discursivas para o alcance dos propósitos linguageiros do manuscrito. |