Resumo |
As áreas de preservação permanente (APP), em bom estado de conservação, fornecem serviços ecossistêmicos fundamentais a manutenção da vida, como a regulação climática, preservação do solo, provisão de água em quantidade e qualidade e proteção da biodiversidade. O Sistema Agroflorestal (SAF) surge como boa alternativa à recuperação dessas áreas, uma vez que se baseiam na dinâmica, ecologia e gestão dos recursos naturais, onde se intensifica a produção promovendo maiores benefícios sociais, econômicos e ambientais. Por tanto, o trabalho visa construir modelos passíveis para utilização em APPs para que proprietários e produtores rurais se baseiem e repliquem a técnica, respeitando a legislação vigente. O objetivo do trabalho visa avaliar dois diferentes arranjos de SAFs e seus respectivos custos de implantação. Segundo o Código Florestal (Lei 12.651/2012) o uso de SAF em recomposição de APP, poderá ser utilizado em propriedades com até 4 módulos fiscais, como atividades de baixo impacto de base comunitária familiar, terras indígenas demarcadas e áreas tituladas de povos tradicionais. A Instrução Normativa MMA 005/2009 orienta que a construção dos arranjos respeite a impossibilidade de exploração madeireira, e orienta sobre a composição florística deles. O primeiro SAF foi implementado no município de Rio Pomba-MG, e seu arranjo foi elaborado em blocos, onde no Bloco A plantou-se indivíduos arbóreos, no Bloco B Musa sp. (Banana) e Euterpe edulis Mart (Jussara), e no Bloco C, Coffea arabica L (Café) e Gliricidia sepium Jaqc (Gliricídia). O segundo SAF foi implementado no município de Viçosa-MG com arranjo mais homogêneo, com linhas de espécies arbóreas, intercalando linhas de espécies chave de produção, como Musa sp (Banana), Mamao papaya (Mamão) e sementes de Euterpe edulis (Jussara), e linhas com Citrus sinensis L (Laranja), Mangifera indica L (Manga), Eugenia uniflora L (Pitanga), Plinia edulis Berg (Cambucá) e a espécie de serviço Solanum granulosa-leprosum Dunal (Capoeira-branca), que tem potencial de melhorar o microclima e aumentar muito a biomassa no sistema. Os custos de cada plantio foram computados, desde a aquisição de insumos (mudas, calcário e adubo de plantio e cobertura) e o mão-de-obra (abertura de covas, plantio, roçada e coroamento). Os valores de ambos SAFs se apresentaram semelhantes, sendo o executado em Rio Pomba R$13.827,45/ha-¹ e em Viçosa R$ 13.942,07/ha-¹. Os maiores custos e suas respectivas médias são em relação a aquisição de mudas (R$7.543,63), seguido do adubo (R$2.933,84) e mão-de-obra nas atividades de plantio (R$1.081,82), coroamento (R$770,80) e roçada (R$763,38). Os custos apresentados estão abaixo de outros valores encontrados na literatura. Entretanto, mesmo estando baixo, é preciso identificar pontos de melhoria, visando a diminuir os custos. Isso poderá viabilizar a escalabilidade da restauração de áreas no Brasil e, consequentemente, garantir o fornecimento dos serviços ambientais para a sociedade. |