Resumo |
As abelhas sem ferrão, do gênero Melipona, possuem um importante papel ambiental como polinizadoras e produtoras de mel e cera, promovendo a recuperação da vegetação e a diversidade de plantas, além de contribuírem no âmbito socioeconômico por meio da meliponicultura. Diversas ações antrópicas têm causado a degradação das condições ambientais adequadas de sobrevivência desses insetos, expondo eles a agrotóxicos e causando a diminuição das populações de abelhas. Essas ações afetam a saúde desses insetos, interferindo nos microrganismos intestinais, que são essenciais para essas abelhas pelos mecanismos de proteção contra patógenos e auxílio no processo nutricional. Tendo isso em vista, o estudo conduzido teve como objetivo avaliar a microbiota intestinal da espécie Melipona mondury, buscando potenciais probióticos e isolados que auxiliem na manutenção da saúde das colônias. Para isso, foi realizado o isolamento das bactérias provenientes do intestino das abelhas em questão por meio da dissecação do abdômen e maceração do intestino. Em seguida, as amostras de intestino foram diluídas e adicionadas em poços de microplacas, contendo 250 µL de meio de cultura. A placa foi incubada a 32ºC por 24-72 h e após esse período foi realizada a repicagem de 10 µL das diluições que apresentaram crescimento em placas de Petri por meio de esgotamento por estria composta. Essas placas foram incubadas em jarras de anaerobiose a 32ºC por 24º-72h e as colônias obtidas foram repicadas novamente, realizando esgotamento por estria para obtenção de culturas puras, que foram estocados em glicerol 20%. Posteriormente, foi feita a extração de DNA e PCR para amplificação da região 16S rRNA do Domínio Bacteria. Os produtos de PCR foram sequenciados pelo método de Sanger. A análise filogenética das sequencias obtidas indicou que 10 dos 11 isolados analisados foram bactérias do gênero Convivina, da família Lactobacillaceae, e 1 foi do gênero Floricoccus, da família Streptococcaceae. O estudo permitiu o melhor conhecimento da microbiota de M. mondury, identificando microrganismos ambientais e simbiontes que já foram previamente descritos como associados a abelhas socias e, portanto, potenciais probióticos que podem promover a manutenção da saúde desses insetos. A condução futura de testes in vitro de inibição de patógenos e de agrotóxicos com esses isolados, permitirá entender os benefícios desses microrganismos para as abelhas sem ferrão, e potencializar seu uso para promover a saúde de colônias de M. mondury. |