Resumo |
O ferro é um mineral abundante na natureza e essencial ao organismo. Contudo, sua deficiência se configura como a carência nutricional mais prevalente no mundo. Assim, a farinha de insetos comestíveis surge como uma alternativa nutricionalmente rica e sustentável para promover a melhora do status nutricional de ferro em países em desenvolvimento. Quando misturada à farinha de soja, apresenta melhora em seu perfil de aminoácidos e pode ter sua aceitação aumentada. Objetivou-se investigar o efeito do consumo da farinha de Gryllus assimilis, associada ou não à farinha de soja, na recuperação da deficiência de ferro in vivo. Para isso, foram utilizados 32 ratos machos da linhagem Wistar e o método utilizado foi o de depleção/repleção de hemoglobina. Na fase de depleção, os animais foram alocados em gaiolas individuais e, por 21 dias, receberam água ad libitum e dieta AIN93-G isenta de ferro para indução da deficiência. Ao final dessa etapa, efetuou-se a dosagem de hemoglobina. Constatada a deficiência de ferro, deu-se início à fase de repleção, na qual os animais foram realocados em quatro grupos de acordo com o peso e o nível de hemoglobina, a saber: Grupo A: dieta padrão (AIN-93G) com sulfato ferroso, Grupo B: dieta padrão com farinha de Gryllus assimilis + farinha de soja, Grupo C: dieta padrão com farinha de Gryllus assimilis e Grupo D: dieta padrão com farinha de soja. Ao final de 51 dias, os animais foram eutanasiados e o sangue colhido por punção cardíaca para análises de hemoglobina, ferritina e transferrina. A análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 21. Utilizou-se one-way ANOVA seguido pelo teste de Tukey para variáveis paramétricas e, para as variáveis não paramétricas, utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis, adotando-se um nível de significância estatística de 5%. O presente estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais, sob o número 38/2022. A média de ferritina encontrada nos grupos foi, respectivamente, 5,49+1,65 ng/dl no grupo A; 4,55+0,97 ng/dl no grupo B; 6,06+2,07 ng/dl no grupo C e 4,67+1,38 ng/dl no grupo D, sem diferença significante entre eles. A transferrina também não diferiu entre os grupos, sendo a média encontrada no grupo A igual a 163,40+8,28 mg/dl; no grupo B igual a 174,27+10,91 mg/dl; no grupo C, 181,66+14,21 mg/dl e, no grupo D, igual a 167,98+14,60 mg/dl. Ao final do experimento, a hemoglobina apresentou recuperação em todos os grupos, sendo que os mesmos também não diferiram entre si quanto a essa variável (Grupo A: mediana de 14,5 g/dl (10,4-15,7); Grupo B: 12,3 g/dl (11,3-14,5) g/dl; Grupo C: 11,5 g/dl (10,4-14,7) e Grupo D: 14,4 g/dl (12,2-15,3)). Observou-se, portanto, que a farinha de Gryllus assimilis¸ associada ou não à farinha de soja, foi eficiente na recuperação da deficiência de ferro nos animais, visto que os resultados não diferiram do grupo controle, tratado com sulfato ferroso. |