Resumo |
Introdução: A classificação NOVA de alimentos é baseada na extensão e propósito do processamento industrial usado na sua produção. Quatro grupos principais são definidos, sendo eles: alimentos in natura ou minimamente processados (IMP), ingredientes culinários processados (IC), alimentos processados (AP) e produtos alimentícios ultraprocessados (UP) (MONTEIRO, 2019). Alimentos ultraprocessados, em particular, têm sido investigados devido ao seu efeito negativo na saúde como maior consumo associado a desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (PAGLIAI, 2021; JUUL et al., 2021). Os UPs são definidos como formulações industrializadas, prontas para consumo ou prontas para aquecer, contendo poucos alimentos em sua forma in natura. Normalmente, são produtos de alta densidade calórica, ricos em açúcar, gorduras e sal, além de serem pobres em fibras, proteínas, vitaminas e minerais (MONTEIRO, 2019). Nas escolas públicas brasileiras, a oferta desses produtos é limitada pela legislação do Programa Nacional de Alimentação Escolar. Embora haja o incentivo para a oferta de alimentos in natura e minimamente processados, uma vez que ao menos 75% do recurso público deve ser utilizado para a compra desses alimentos para a elaboração das refeições, uma porcentagem do recurso financeiro (20%) ainda é destinada para compra de produtos processados e ultraprocessados (BRASIL, 2020). Objetivos: calcular o percentual de contribuição calórica de cada grupo dos alimentos segundo a classificação NOVA, em relação à média de conteúdo total de calorias oferecido por dia, em um cardápio planejado para a rede pública de ensino de Aracaju (SE). Metodologia: Inicialmente todos os alimentos presentes no cardápio foram listados considerando a quantidade per capita ofertada (em gramas) e as quilocalorias correspondentes. Após esse processo, foi calculada a média de calorias ofertada por dia. Em seguida, os alimentos foram classificados em quatro grupos segundo a classificação NOVA. Então, as quilocalorias de cada grupo foram somadas e em seguida foi calculada a porcentagem de contribuição em relação à média de calorias das refeições oferecidas. Resultados: A média diária de calorias ofertada foi de 314,4±74,89 Kcal, constituída principalmente por IMP (66,1% ou 207,9 70,19 kcal). Já o segundo maior percentual de oferta calórica foi oriundo dos UP (29,4% ou 92,4 ±89,95), os quais contribuíram com aproximadamente ⅓ da média diária de calorias. Em relação aos IC contribuíram com total de 4,5% da média de calorias (14,1 ±7,45). Não foi observada a oferta de alimentos enquadrados como processados. Conclusão: É preciso conscientizar nutricionistas e demais profissionais envolvidos no planejamento e execução dos cardápios, além de trabalhar com educação alimentar e nutricional com alunos e professores, estimulando o consumo de alimentos in natura e minimamente processados em detrimento dos produtos industrializados visto que a oferta de UP se mostrou elevada neste cardápio. |