Resumo |
Atualmente, pode-se observar um foco crescente no surgimento e na exploração de nanossistemas como veículos de transporte para drogas em sistemas biológicos graças as suas propriedades biofisicoquímicas, como à sua não toxicidade e biocompatibilidade. A entrega eficaz de drogas tem sido otimizada com o rápido desenvolvimento de nanocarreadores como: micelas, nanopartículas, carreadores poliméricos, complexos proteicos (CP), dentre outros. Um dos sistemas de encapsulamento que utiliza de duas proteínas bioativas do leite para o carreamento de fármacos é o complexo formado a partir da lactoferrina (LF) e do glicomacropeptídeo (GMP). Apesar do CP lactoferrina-glicomacropeptídeo (LF@GMP) se apresentar como um nanohidrogel estável e com grande potencial de aplicação, aspectos fundamentais associados a dinâmica e energética da interação do LF@GMP com compostos bioativos, como o resveratrol (RES), ainda são desconhecidos, o que torna o potencial destes complexos bastante limitado. Por reconhecer essa lacuna no conhecimento e a importância destes estudos no desenvolvimento de novas tecnologias, o presente trabalho utilizou um sistema Biacore X100 (GE Healthcare, Pittsburg, EUA) equipado com um canal duplo (referência e amostra) para investigar a cinética e termodinâmica da interação entre o CP LF@GMP e RES através da técnica de ressonância plasmônica de superfície (RPS). Os experimentos RPS foram realizados em triplicata, sendo utilizados três chips sensores CM5 variando a concentração da solução de RES (60-240 µM) injetada no sistema de fluxo e numa faixa de temperatura de 12 a 28 °C. Os dados obtidos possibilitaram uma melhor compreensão da dinâmica molecular e das forças motrizes que levam a formação e estabilização destas nanoestruturas. Por exemplo, observou-se que a formação do complexo termodinamicamente estável é dirigida entropicamente e que, para ocorrer a formação do complexo, houve uma contribuição de grande valor energético proveniente da formação do par CP-RES e da mudança conformacional do sistema, sendo essas parcelas muito maiores que as contribuições energéticas resultantes da dessolvatação e da perda de graus de liberdade das moléculas que compõem o complexo. A partir das interpretações dos parâmetros termodinâmicos e cinéticos determinados neste trabalho será possível o desenvolvimento de novas formulações envolvendo proteínas lácteas, com potencial aplicação nas indústrias de alimentos, farmacêuticas, entre outras. |