Resumo |
Esta pesquisa, que contou com bolsa PIBIC-FAPEMIG, tem como objetivo entender as relações entre o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes do último ano do Ensino Médio e suas expectativas em relação à continuidade dos estudos e ao exercício profissional. Para tal fim, utiliza-se do referencial teórico-metodológico bourdesiano. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário autoaplicável, composto por 28 perguntas, que foi respondido por um total de 227 alunos em dezembro de 2022, o que forma um n amostral representativo num universo de 268. Para a análise dos resultados, foi utilizado o software Jamovi. Os respondentes tinham, em sua maioria, a idade entre 16 e 18 anos, faixa etária considerada regular para a conclusão do ensino médio, eram do sexo feminino, não-brancos e oriundos da região metropolitana de Belo Horizonte, sendo os residentes em Florestal a segunda origem mais presente. As rendas mais encontradas situavam-se entre 1 até 6 salários mínimos; alunos vindos de escolas públicas durante o ensino fundamental são mais presentes do que os vindos do ensino privado. Constatou-se, ainda, que a maioria dos alunos se inscreveu no Enem e os que trabalham representam a minoria do universo. Com relação à escolaridade dos pais, a maioria possuía até o ensino médio completo. Para fins de comparação da diversidade de públicos na cidade, os respondentes foram separados em três grupos que representam cada modalidade de ensino na qual estavam matriculados. Os dois primeiros grupos são compostos por estudantes que frequentavam a escola dentro do campus da UFV-CAF e o terceiro, pelos estudantes que frequentavam a escola estadual situada no centro da cidade: G1 representando os alunos do ensino médio federal e do curso técnico integrado; G2, alunos de ensino médio estadual que faziam curso técnico concomitante; e, G3, alunos do ensino médio estadual. Todos eles frequentavam as aulas no período matutino, tendo como diferenciações objetivas: a modalidade de ensino médio, a dependência administrativa das matrículas e o local de frequência às aulas, distantes aproximadamente 1km um do outro. A partir de tal divisão, observamos em G3 condições diferentes em relação aos alunos de G1 e G2, pois aqueles trabalham mais, mostrando também uma menor inclinação em relação à continuidade dos estudos; além disso, a escolaridade dos pais em G3 se mostrou menos prolongada em relação aos dois outros grupos estudados. Estes resultados podem dizer muito a respeito de como certos marcadores sociais estão presentes nas trajetórias escolares e como eles reproduzem certos padrões no que diz respeito à longevidade escolar. A análise, ainda em andamento, tem apontado para a existência de barreiras para a continuidade dos estudos, as quais não se tratam apenas de muros físicos ou distâncias geográficas. |