Resumo |
Mudanças no mundo do trabalho, como a globalização e os avanços tecnológicos têm levado ao aumento da jornada de trabalho e pressão por trabalhos extras. Diante desse cenário, a flexibilização da jornada tem sido uma demanda dos trabalhadores. Para a Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (FASUBRA) a implementação da jornada de 30 horas semanais melhoraria o bem-estar dos trabalhadores e a qualidade dos serviços prestados. No entanto, apesar das reivindicações sindicais, a concessão da jornada de 30 horas ainda não é permitida por lei para todos os servidores técnicos administrativos em educação. Segundo uma análise realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU), de 79 instituições, apenas 8 promoveram regularmente a redução da jornada de trabalho para os técnicos administrativos. Em 22 unidades, não há flexibilização da jornada de acordo com o Decreto nº 1.590/1995, e nas outras 49 unidades foram identificadas irregularidades, como a concessão indiscriminada da jornada flexibilizada sem cumprir as condições de elegibilidade dos servidores.. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi analisar a percepção dos servidores públicos de uma universidade federal sobre os impactos da redução da jornada de trabalho em seu bem-estar e nos serviços prestados. Para tal, foi realizada uma pesquisa qualitativa descritiva. Os dados foram coletados por 11 entrevistas semiestruturadas com os servidores dos dois setores que adotaram a jornada de 30 horas e analisados por análise de conteúdo. Os resultados indicaram que a redução da jornada de 40 para 30 horas semanais teve impactos positivos no bem-estar dos servidores, proporcionando um melhor equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, maior motivação e serviços mais eficientes. Surgiram novas formas de aproveitamento do tempo fora do trabalho, como a prática de atividades físicas, estudo e lazer. No entanto, também foram observados desafios, como menos tempo de convívio e de troca de experiências entre os servidores. Além disso, a redução da jornada não implicou necessariamente em trabalhar menos, considerando o aumento da demanda por atividades fora do expediente de trabalho, como cuidados com a casa e família. Conclui-se que a redução da jornada de trabalho, de oito para seis horas, contribuiu para a saúde física e emocional dos trabalhadores e seu desenvolvimento pessoal. Além disso, os servidores se sentiram mais motivados, o que resultou em uma prestação de serviços mais eficiente e eficaz, beneficiando tanto a organização quanto a população em geral. Destaca-se a importância de futuras pesquisas sobre a redução da jornada de trabalho em diversas instituições públicas, explorando elementos como produtividade, bem-estar, engajamento e gênero. Esses estudos podem fornecer resultados adicionais e promover debates que beneficiem o processo de flexibilização no Brasil. |