Resumo |
A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio intestinal crônico altamente prevalente, caracterizado por dor abdominal recorrente e alterações nos hábitos intestinais, sem causas orgânicas identificáveis. A falta de um padrão terapêutico eficaz para todos os pacientes é um desafio significativo na SII. Nesse contexto, a dieta com baixo teor de FODMAPs (sigla em inglês para oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis) tem se destacado como uma intervenção promissora devido à associação desses carboidratos fermentáveis com a indução dos sintomas da síndrome. Desse modo, este estudo objetivou descrever a dieta com baixo teor de FODMAPs como estratégia nutricional na SII. Foi realizada uma revisão narrativa da literatura nas bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), combinando os descritores "dieta com baixo teor de FODMAPs" e "síndrome do intestino irritável". A base da dieta é que os carboidratos de cadeia curta frutanos, galactanos, lactose, frutose e polióis má absorvidos no intestino delgado são rapidamente aproveitados pelas bactérias colônicas, e por serem osmoticamente ativos e altamente fermentáveis resultam na formação de gases, provocando inchaço, dor abdominal e alterações dos hábitos intestinais em pacientes predispostos. A má absorção dos FODMAPs no intestino delgado pode ocorrer devido a diversos mecanismos, como inibição ou defeito no transporte através do epitélio intestinal, deficiência enzimática ou por serem moléculas grandes não absorvidas por difusão simples. A dieta com baixo teor de FODMAPs baseia-se na restrição inicial de alimentos ricos em FODMAPs por um período de 4 a 6 semanas, seguida pela reintrodução gradual e isolada de grupos de alimentos, durante 6 a 8 semanas, para identificar a tolerância individual a cada tipo de carboidrato. Na última fase, de manutenção, recomenda-se o consumo de subgrupos de FODMAPs tolerados pelo paciente a longo prazo, visando o controle dos sintomas. Com isso, no período de 1 a 8 semanas após a introdução da dieta espera-se uma melhora sintomática, e caso não ocorra, a dieta deve ser interrompida. Embora existam estudos que mostram resultados positivos sobre a eficácia da dieta com baixo teor de FODMAPs em pacientes com SII, ainda são necessários estudos mais abrangentes e de longa duração que englobem todas as fases de implementação da dieta. Além disso, é importante investigar a adesão à dieta e o impacto da restrição alimentar na qualidade de vida dos pacientes. A atuação de um nutricionista é fundamental para garantir a correta aplicação do protocolo, prevenir riscos de deficiências nutricionais e promover uma maior adesão à dieta pelos pacientes. Contudo, a dieta com baixo teor de FODMAPs tem mostrado potencial como estratégia nutricional para o tratamento da SII. No entanto, são necessários mais estudos para avaliar sua eficácia a longo prazo, bem como os efeitos na qualidade de vida dos pacientes. |