Resumo |
Introdução: A saúde mental e o bem estar de estudantes universitários são mundialmente considerados uma preocupação para a saúde pública. Estudantes universitários estão mais suscetíveis à manifestação de transtornos mentais que a população em geral da mesma faixa etária, podendo apresentar uma sobrecarga de estresse, sofrimento psíquico, exaustão física e emocional durante sua trajetória acadêmica. Os estudantes de medicina em específico se deparam com várias dificuldades desde o início do curso, dentre elas a carga horária expressiva em virtude de sua matriz curricular. Objetivos: Descrever de forma comparativa o perfil sociodemográfico e os aspectos de saúde mental dos estudantes dos dois primeiros anos e do internato do curso de medicina da UFV. Metodologia: O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFV, sob o parecer de número 5.635.845. Nesse estudo transversal descritivo, foram elegidos todos os estudantes dos dois primeiros anos e do internato que aceitaram participar da pesquisa. Foi aplicado um instrumento semiestruturado com 14 questões para avaliação do perfil sociodemográfico e de questões relacionadas à saúde mental (tratamento farmacológico para depressão e/ou ansiedade, realização de psicoterapia ou terapia complementar e prática de atividades físicas regulares) dos indivíduos foco. Os resultados foram obtidos em frequência relativa e as análises foram realizadas no software Stata versão 16.0. Resultados: Foram recrutados 124 estudantes, sendo 57 dos dois primeiros anos (primeiro grupo) e 67 ao internato (segundo grupo). A idade média dos alunos iniciais foi de 21,67 anos, enquanto a dos estudantes do internato foi de 25,43 anos. Nos dois grupos o sexo feminino predominou, sendo 79% dos estudantes do primeiro grupo e 57% do segundo. 57,8 e 74,6% afirmam praticar atividades físicas regularmente entre os anos iniciais e o internato, respectivamente. Em relação ao uso de medicação para controle de ansiedade e/ou depressão, 26,7% dos alunos do primeiro grupo relataram fazê-lo, em comparação com 35% do segundo. Quanto à realização de psicoterapia e/ou terapia complementar, apenas 22,5% dos estudantes dos anos iniciais e 28,5% dos estudantes do internato responderam afirmativamente. Conclusão: Embora a porcentagem de estudantes que afirmam realizar atividades físicas com regularidade seja maior entre os estudantes do internato, fator importante para a promoção da saúde mental, podemos observar também que esse mesmo grupo apresenta maior uso de medicamentos ansiolíticos e/ou antidepressivos, assim como realização de psicoterapia ou terapias complementares. Observa-se que, de forma geral, é significativa a parcela dos estudantes em uso de medicações, independente da fase do curso, o que evidencia a importância de abordar a saúde mental dos estudantes de medicina, reconhecendo as especificidades da trajetória acadêmica e promovendo estratégias de cuidado e suporte. |