Resumo |
O presente estudo descritivo-exploratório teve como objetivo identificar e comparar as percepções de acadêmicos do curso de licenciatura em Educação Física (EF), professores de EF atuantes na educação básica (EB) e em instituições de ensino superior (IES) sobre o papel da EF no controle do sobrepeso e da obesidade juvenil. Foi utilizado o Perceptions of Youth Obesity and Physical Education Questionnaire, versão traduzida para o português. A amostra foi composta por 100 acadêmicos do curso de licenciatura em EF de ambos os sexos (49 homens e 51 mulheres), matriculados em IES localizadas em Minas Gerais, 15 professores de EF (8 homens e 7 mulheres), atuantes em escolas de EB, na cidade de Ouro Preto, MG, 22 professores (18 homens e 4 mulheres) atuantes em cursos de formação inicial de licenciatura em EF em IES localizadas em Minas Gerais. De acordo com os resultados, os participantes da pesquisa revelam consenso sobre a necessidade de discussão do tema sobrepeso e obesidade na população juvenil, que se acentua gradativamente em escala mundial. 69% dos acadêmicos sinalizam que as aulas de EF devem ser planejadas com foco no cuidado com a forma física. Contudo, apenas 39% dos professores de EF da EB e 31% dos que atuam em IES, concordam com essa finalidade. Diante disso, professores de EF da EB (73%) e de IES (69%) acreditam que o controle e tratamento da obesidade na escola não deveria ficar a cargo dos professores regentes. Todavia, 41% dos acadêmicos acredita ser o professor de EF o mais recomendado para lidar no controle e tratamento da obesidade na escola. No que concerne ao amparo de programas e iniciativas com essa finalidade no ambiente escolar, acadêmicos de EF (99%), professores de EF da EB (100%) professores de IES (82%), acreditam que a população juvenil obesa é capaz de obter perdas significativas de peso, bem como manter essas perdas no decurso de vida. Com relação à preparação recebida durante a formação inicial para a elaboração de programas voltados à redução do excesso de peso em jovens, 62% dos acadêmicos de EF, 80% dos professores de EF da EB e 73% dos professores de EF em IES sentem-se habilitados. Dentre as dificuldades no trato com a temática obesidade nas aulas de EF, 68% acadêmicos de EF, 72% professores da EB e 59% professores de IES acreditam ser insuficiente a carga horaria de 2 aulas semanais de EF. Outra dificuldade encontra-se nos objetivos da EF na escola, que não se limitam à perspectiva biologicista, mas também conhecimentos culturais, sociológicos, históricos e outros na formação básica dos alunos. A criação de disciplinas curriculares que discutam hábitos saudáveis pode ser uma estratégia para lidar com a temática. Os autores do presente estudo acreditam que a EF possa contribuir para o combate à obesidade, mas que aulas não devem ser centralizadas apenas no controle e tratamento da forma física. |