Resumo |
Introdução: O índice TyG tem sido um considerado bom preditor da resistência à insulina (RI) e do diabetes melito (DM), principal causa de insuficiência renal crônica em indivíduos que iniciam a hemodiálise (HD). Objetivos: Verificar a associação entre o índice TyG e os fatores de risco cardiovascular e marcadores do consumo alimentar de indivíduos em HD. Metodologia: Estudo de análise transversal com 131 indivíduos (58,4% homens; 63±15,4 anos) em HD, participantes da coorte NUGE-HD (Estudo da Nutrição e Genética nos Desfechos em Hemodiálise). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (protocolo n°: 1.956.089/2017) e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O consumo alimentar foi avaliado mediante questionário de frequência de consumo alimentar quantitativo. Amostras de sangue em jejum foram coletadas mediante técnicas laboratoriais de rotina. A amostra foi categorizada pelo índice TyG (Ln[TG (mg/dL) x glicemia de jejum (mg/dL)/2]), de acordo com mediana (4,83). Os índices de Castelli I (colesterol total/HDL-c) e de Castelli II (LDL-c/HDL-c) foram também calculados, sendo considerado fator de risco cardiovascular para valores IC 1 (homens ≤ 5,1; mulheres ≤ 4,4) e IC 2 (homens ≤ 3,3; mulheres ≤ 2,4). Após 30 minutos do término da sessão de HD, o peso (kg) e a altura (cm) foram avaliados e o índice de massa corporal (IMC, kg/m2) calculado. Os participantes responderam questionário semiestruturado para obtenção de dados sociodemográficos e clínicos. Os dados foram processados e analisados no software Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS versão 20.0), adotando-se nível de significância α=5%. Foram realizados os testes U de Mann-Whitney, t de Student e qui-quadrado, quando apropriado. Resultados: Os participantes com maior índice TyG (>4,83) apresentaram maior prevalência de DM (33 vs 14 %; p=0,001) e de alto risco cardiovascular pelo índice de Castelli I (77,4 vs 22,6 %; p<0,001) e II (79,2 vs 20,8 %; p=0,001), comparados com os de menor TyG. Ainda apresentaram maiores valores de IMC (24,8±4,4 vs 23,0±3,8 kg/m2; p=0,001), bem como menores valores de HDLc (35,5±9,5 vs 41,8±13,5 mg/dL; p=0,004) e tempo de HD (2,5±3,4 vs 3,8±5,9 anos; p=0,049). Em relação à alimentação, consumo de carboidratos (em % da ingestão calórica diária) foi maior no grupo com maior TyG (63,4%), em comparação ao grupo com menor TyG (47%; p=0,015). Conclusão: Nesse estudo transversal, o maior TyG esteve relacionado a outros fatores de risco cardiovascular (IMC, DM, índice aterogênicos e HDL) em indivíduos em HD, corroborando resultados até o momento encontrados para outras populações. Nossos resultados sugerem a aplicação desse indicador como preditor do DM e risco cardiometabólico também entre indivíduos em HD, ademais da importância do manejo nutricional para seu controle. Apoio: Capes (código 001) e CNPq. |