Resumo |
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é o principal fator de risco cardiovascular e, dentre os fatores envolvidos na sua etiologia, destaca-se a alimentação inadequada. Evidências recentes têm demonstrado associação do consumo de alimentos com elevado grau de processamento (processados e ultraprocessados) com várias Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), mas estudos sobre a relação entre a ingestão desses alimentos e a HA são escassos. Assim, o estudo teve como objetivo avaliar a associação entre o consumo alimentar segundo o grau de processamento e a HAS em servidores públicos com risco cardiovascular. Trata-se de um estudo transversal, com 104 servidores públicos da UFV com risco cardiovascular (71 homens e 33 mulheres, 55,2±11,4 anos), ingressantes no Programa de Atenção à Saúde Cardiovascular da UFV – PROCARDIO-UFV (ReBEC id: RBR-5n4y2g), no período de março de 2012 à dezembro de 2019. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV (Of. Ref. nº 066/2012/CEPH) e todos os participantes assinaram ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O consumo alimentar foi avaliado por meio de um Recordatόrio 24h (R24h), e os alimentos foram classificados segundo o grau de processamento utilizando-se a classificação NOVA. A pressão arterial foi aferida com esfigmomanômetro mecânico de coluna de mercúrio, e foram classificados como hipertensos aqueles com a pressão arterial sistólica ≥ 140 e/ou diastólica ≥ 90 mmHg e/ou que relataram o uso de medicamentos anti-hipertensivos. Os testes t de Student e Mann Whitney foram utilizados para comparação dos grupos, e a normalidade das variáveis foi testada pelo teste Shapiro Wilk. Os dados foram analisados no programa SPSS, versão 21, e o nível de significância adotado foi de 5%. Dos 104 servidores avaliados, 77,9% (n=81) eram hipertensos. A contribuição energética de alimentos in natura ou minimamente processados foi de 59,5 %, ingredientes culinários 9,5%, alimentos processados 11,9 % e alimentos ultraprocessados 19,2%. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre normotensos e hipertensos, respectivamente, em relação ao consumo de alimentos in natura ou minimamente processados (58,9% vs. 59,8%, p=0,844), ingredientes culinários (8,3% vs, 9,8%, p=0,723), alimentos processados (9,7% vs. 12,5%, p=0,434) e alimentos ultraprocessados (23,6% vs, 17,9%, p=0,052). Conclui-se que o consumo alimentar segundo o grau de processamento não está associado à HAS nessa população de servidores públicos com risco cardiovascular. |