Resumo |
A demanda por recursos didáticos que atendam a especificidade de aprendizagens diferenciadas nos campos cognitivo, psicomotor e apreciativo, requer maior atenção do profissional da saúde para acolher com dignidade pessoas com necessidades especiais em concentração e estímulo na prática dialógica, de forma a (re)construir novas condutas comportamentais frente ao alimento e a culinária. A proposta deste trabalho lúdico intitulado “Dinâmica dos Feijões” visa facilitar a interação do nutricionista com crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que demandam ampliar a aceitação de alimentos, por restringir o consumo em poucas preparações, com predominância nas cores claras ou de tons de cores similares. Objetivou-se elaborar uma proposta lúdica de educação alimentar para estimular crianças com TEA à experimentação de alimentos. O delineamento metodológico foi pautado em etapas, durante as aulas práticas de Educação Alimentar e Nutricional - EAN/UFV, no segundo semestre de 2019. Realizou-se um levantamento bibliográfico sobre alimentação e comportamentos de crianças com TEA para fundamentar as discussões, o que guiou a escolha de cores para os jogos e sinalizou a opção pelo feijão, por este compor o hábito do brasileiro e ter um espectro de cores em função dos tipos, o que atendeu o critério de apresentar um mesmo produto. Os princípios de validade, flexibilidade, significado e utilidade foram ponderados na criação da Dinâmica dos Feijões e para agilizar as ideias foi criado um grupo no whatsApp. Dentre os quinze tipos de feijões selecionaram-se cinco que são comumente utilizados na culinária brasileira (preto, vermelho, branco, verde e carioquinha). Os resultados foram expressos na criação de dois jogos: I, “Descobrindo os feijões no jogo de panelas” e II. “Alimente [nome dado pela criança ao personagem do jogo] com cores diferentes de feijão”. Os jogos remetem, de forma singular e lúdica, cenários alusivos a preparação do feijão e ao ato da comensalidade que se faz representado na atitude da criança ter que alimentar o personagem por ela criado. Ambos os contextos, requerem a exploração das peças dos jogos por parte da criança com TEA para que esta se familiarize com cores diferentes, visando oportunizar, no ambiente da criança, diante da sua proximidade com outras tonalidades de cor que diferem do branco, introduzir as preparações culinárias com o feijão. A educação alimentar de crianças com TEA demanda aprofundamentos nos comportamentos e na forma de abordagem para possibilitar que estas se interessem pelo assunto. Conclui-se que a “Dinâmica dos Feijões”, em sua proposta lúdica, abre espaço para conduzir uma conversa pautada nas cores dos feijões, atentando-se para as demandas pessoais para que o educador nutricional estabeleça a conexão com as preparações e as etapas de experimentação deste alimento. Não há pretensão de que todas as preparações sejam consumidas, mas espera-se que haja o interesse dessas crianças pelo feijão. |