Resumo |
Introdução: A doença renal crônica (DRC) é um problema de saúde pública enquanto a nutrição desempenha papel essencial no seu manejo. Assim, o aconselhamento nutricional para maior consumo de fibras pode auxiliar no funcionamento intestinal e na redução do risco de doenças crônico não transmissíveis. Objetivo: Avaliar o consumo de fibras e sua associação com ganho de peso interdialítico e inflamação em indivíduos em hemodiálise (HD). Material e Métodos: Estudo transversal dos dados da coorte NUtrição e GEnética em Desfechos na HD (NUGE-HD) com 137 indivíduos em HD (58,4% homens; 61,7±15,4 anos), atendidos em um único centro de diálise. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (Parecer nº 1.956.089/2017) e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. O consumo de fibra e o potencial inflamatório da dieta (antinflamatória >-1 e neutra/proinflamatória >0) foram avaliados por questionário de frequência alimentar. Os participantes do estudo foram categorizados em baixo e alto consumo de fibras, de acordo com o percentil 75 (≤17g e >17g/dia respectivamente). A antropometria utilizada foi ganho de peso interdialítico (adequado <4,5% e inadequado >4,5%), obtido por procedimentos padronizados. A concentração sérica de proteína C reativa (PCR adequado <3mg/dL e alterado ≥3mg/dL) foi obtida mediante prontuário médico. Os dados foram tabulados e analisados usando o software Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS, versão 20.0). A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Kolmorov-Smirnov. O teste qui-quadrado de Person foi usado para as comparações de prevalências entre os grupos. A contribuição dos alimentos na ingestão de fibras foi avaliada mediante regressão linear stepwise. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Resultados: Aqueles participantes com menor consumo de fibras tiveram maiores prevalências de ganho de peso interdialítico (56% vs 44%, p=0,011) e alta proteína C reativa (69% vs 31%, p=0,045) comparado aos que tiveram alto consumo de fibras. Ademais as dietas neutras/proinflamatórias foram maiores no grupo com consumo baixo de fibras quando comparados com o alto consumo (93% vs 7%, p=0,001). Os alimentos que mais contribuíram para a ingestão de fibras nessa amostra foram feijão, couve, mamão, repolho, linhaça e banana (42,4% do consumo de fibras). Conclusão: No presente estudo, a ingestão de fibras esteve inversamente associada com ganho de peso interdialítico (%), inflamação sérica (PCR) e potencial inflamatório da dieta. Esses resultados indicam a importância da avaliação do consumo alimentar com ênfase na fibra da dieta nessa população. Agradecemos aos participantes da coorte NUGE-HD. Apoio: CAPES (código 001) e CNPq. |