Resumo |
A artrodese pancarpal é a fusão cirúrgica das articulações radiocárpica, intercárpica e carpometacárpica, com consequente perda de mobilidade, para tratamento de fraturas distais de rádio, fraturas articulares, luxações, sub-luxações e artroses. A técnica mais comumente utilizada é a aplicação de placa compressiva dorsal ou medial aos ossos que compõem a articulação. É desejável o emprego de compressão e remoção da cartilagem articular para aumentar o contato ósseo e facilitar a consolidação. Objetiva-se relatar o caso de um cão macho, Pinscher, 15 anos de idade, 2,4kg, com histórico de trauma há 6 dias em membro torácico esquerdo por pisoteio de um equino. No exame ortopédico observou-se claudicação sem apoio do membro, dor à palpação da articulação radiocárpica e edema. No exame radiográfico observou-se fratura transversa em diáfise distal de rádio e ulna e luxação radiocárpica. Optou-se pela realização de artrodese pancarpal utilizando placa híbrida bloqueada 1.5, devido à gravidade das lesões, tamanho e idade do paciente. O paciente foi submetido à exames hematológicos, bioquímicos, ultrassonografia abdominal e exames cardiológicos pré-operatórios, que não evidenciaram alterações. Após incisão dorsal, procedeu-se desgaste das superfícies articulares dos ossos envolvidos até identificação de osso subcondral e, após o alinhamento das articulações em posição anatômica de apoio e fixação de placa 1.5, 6 furos, com pinças de redução, realizou-se perfuração com broca 1.0 no furo bloqueado mais distal da placa, em 3º metacarpo. Após rosquear o parafuso bloqueado no local da primeira perfuração, ocorreu fratura do 3º metacarpo no momento do bloqueio do parafuso na placa. Optou-se então pela colocação de pino intramedular (IM) no 3º metacarpo, utilizando-se parte metálica de uma agulha 25x0,7mm visto que o pino 1.0 era grande para o diâmetro do canal IM, placa compressiva em formato T para a correção da fratura de rádio e fixador externo tipo IB para a artrodese pancarpal. Para auxiliar no processo de consolidação óssea, utilizou-se enxerto de osso esponjoso coletada do tubérculo maior do úmero. As radiografias realizadas em pós-operatório imediato demonstraram redução e alinhamento adequado dos implantes. A fratura em 3º metacarpo ocorreu devido ao diâmetro do parafuso, que ultrapassou 40% do diâmetro do osso, que é o máximo recomendado pela literatura. Entretanto, os sistemas nacionais disponíveis para osteossíntese em pacientes veterinários correspondem ao tamanho mínimo de 1.5. Novos sistemas 1.0 e 1.2 têm sido desenvolvidos e ainda estão em fase de testes por fabricantes nacionais. A utilização de fixador externo é uma alternativa para artrodese, entretanto, é um método de fixação esquelética externa, que devido à traumas e manipulações, pode não permanecer estável por até 300 dias, que é o tempo de consolidação descrito para artrodese pancarpal, resultando em complicações como união retardada ou não união óssea. |