Resumo |
INTRODUÇÃO: Com a pandemia da doença infecciosa COVID-19 (Coronavirus Disease 2019) no Brasil, não somente o vírus torna-se um fator de adoecimento, de inúmeras pessoas, em especial, os idosos. Esta população não é apenas um grupo de risco para o COVID-19, mas para uma série de outras enfermidades, como algumas relacionadas à saúde mental. Um comportamento importante para a preservação da saúde mental em idosos é o contato e o convívio social, seja por meio de atividades coletivas ou o maior contato com familiares e amigos que os cercam. O distanciamento social/presencial foi a medida primária de prevenção tomada por autoridades de saúde pública, além de inúmeras outras situações estressoras recorrentes na pandemia e responsáveis por sofrimento mental/emocional, que esse grupo tem que lidar. OBJETIVOS: Avaliar os efeitos de 20 semanas da pandemia sobre índices de sofrimento mental de idosas. METODOLOGIA: Este foi um estudo longitudinal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP/UFV 60303716.1.0000.5153), no qual participaram 41 idosas, com idade de 67,6 ± 5,3 anos, selecionadas por conveniência do Projeto de Extensão Saúde e Vida (UFV) e do Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI- Prefeitura Municipal de Viçosa). Para a coleta de dados foi usado o questionário Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), utilizado para detecção de indicativos de sofrimento mental, sendo aplicado por meio de entrevistas em dois momentos: presencialmente, antes da pandemia; e por telefone, após 20 semanas. Os pesquisadores foram capacitados por um profissional da Divisão Psicossocial da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Para a análise dos dados, aplicou-se o teste estatístico de McNemar, comparando as mudanças nas frequências relativas das respostas entre os dois momentos analisados. Além disso, o tamanho do efeito foi calculado usando o risco relativo (RR). O nível de significância adotado foi de p < 0,05. RESULTADOS: Ocorreu um aumento significativo no número de respostas positivas para a prevalência de sofrimento mental entre os dois momentos analisados (X²(1)= 8,51; p= 0,003), indo de 7 antes da pandemia (17%), para 13 respostas positivas na pandemia (31%), que representou um aumento de 85% nos respondedores positivos. Na primeira aplicação, 34 idosos (82%) permaneceram abaixo do ponto de corte para suspeita de sofrimento mental (≥ 7 respostas positivas), já durante a pandemia esse número caiu para 28 respondedores negativos (68%). Além disso, houve um RR= 2,5, indicando um risco duas vezes e meia maior de sofrer de algum transtorno psiquiátrico durante a pandemia quando comparado com os resultados antes da pandemia. CONCLUSÃO: Concluiu-se que este momento de pandemia provocou aumentos significativos no número de idosas com suspeita de sofrimento mental. Esses achados são de extrema relevância, pois servem de subsídio para a realização de intervenções no cuidado primário da saúde mental das idosas. |