Resumo |
A inclusão das crianças com deficiências nas escolas públicas brasileiras exigiu uma adaptação na forma de transmitir o conhecimento para os alunos, dependendo da sua Necessidade Educativa Especial. Para as crianças surdas, essas necessidades envolvem especificidades linguísticas, pois a primeira língua da criança surda é a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a segunda língua é a Língua Portuguesa, em sua modalidade oral ou escrita. Sabemos que no Brasil a Língua Portuguesa é a língua majoritária do país, a língua falada e prioritariamente ensinada nas escolas regulares, e que as crianças surdas ,dada a privação auditiva, geralmente têm poucos conhecimentos sobre ela. Pelo fato de a Libras e a Língua Portuguesa serem línguas de modalidades diferentes, é preciso utilizar recursos que possibilitem às crianças surdas compreenderem como elas se relacionam e são utilizadas socialmente. Ademais, existem diferentes graus de surdez, e as crianças surdas podem apresentar resíduos auditivos, permitindo que com auxílio de aparelhos escutem um pouco, podendo aprender a modalidade oral da língua, ou podem não escutar nada, aprendendo apenas a modalidade escrita. Essas particularidades interferem na forma como o ensino da Língua Portuguesa será mediado, especialmente no processo de alfabetização. Frente a essas particularidades, neste trabalho apresentaremos os resultados de um projeto de pesquisa que tratou especificamente de estudantes com surdez, em fase de alfabetização, que frequentam escolas inclusivas, buscando-se compreender como a Língua Portuguesa é ensinada em contexto bilíngue. O público alvo foi composto por quatro crianças surdas de ambos os gêneros. A metodologia foi pautada na observação participante. Os resultados demonstraram que atividades lúdicas mediadas por profissional bilíngue, quando estimulam o uso das duas línguas, favorecem a alfabetização em Língua Portuguesa escrita e amplia a comunicação em Libras, possibilitando que as crianças surdas vivenciem situações cotidianas nas duas línguas de maneira natural. O trabalho com ambas as línguas possibilitou às criança surdas adquirirem conhecimentos para conviver em um mundo letrado, bem como respeitou suas particularidades linguística como falantes de uma língua de modalidade visual espacial. |