Resumo |
Introdução: o aumento da população idosa tem gerado preocupações quanto à qualidade de vida desta população. Nesta perspectiva, o cuidado com a saúde mental tem sido cada vez mais enfatizada, no sentido de minimizar os impactos psíquicos vivenciados pela pessoa idosa. Destaca-se neste contexto a importância da Atenção Primária à Saúde (APS), cenário de potência na promoção de ambientes saudáveis, o qual pode auxiliar na saúde mental desse grupo etário. Evidencia-se que tal abordagem ainda é escassa nos serviços de saúde, sendo relevante utilizar-se de espaços já instituídos na APS (como a Academia da Saúde) para tematizar a saúde mental junto ao público idoso. Objetivos: relatar a experiência de estudantes do curso de graduação em Enfermagem inscritos no segundo período acerca da construção de um espaço de promoção à saúde mental de idosos participantes da Academia da Saúde. Materiais e Métodos: o presente relato se refere a um grupo de promoção à saúde mental que ocorreu em novembro de 2019 com idosos participantes da Academia da Saúde na Unidade de Saúde do bairro São José/Cidade Nova, no município de Viçosa, Minas Gerais. Para a identificação do tema a ser discutido os estudantes tiveram uma aproximação prévia com o grupo e solicitaram a eleição de uma questão que tinham o desejo de discutir e aprender. Os idosos elegeram “ansiedade e depressão”. Como estratégias metodológicas para fomentar o debate sobre o tema foi realizado no momento inicial uma breve exposição teórica. A seguir foi feito um varal de fotografias dos próprios idosos, tiradas pelos estudantes em contatos anteriores com o grupo. A partir desse varal os idosos expressavam os sentimentos que emergiam ao verem as fotografias. Por fim, foi realizado uma roda de conversa, na qual o grupo pode debater o tema, sanar possíveis dúvidas e relatar vivências próprias. Resultados: os discentes observaram que os idosos já possuíam uma bagagem de conhecimentos e/ou experiências sobre o assunto abordado (ansiedade e depressão) e que a exposição teórica ampliou o conhecimento e segurança com relação ao tema. Permitir que os idosos fossem protagonistas na escolha do tema a ser trabalhado proporcionou uma maior interação e fez com que a troca de experiências fosse mais fluida e significativa. Uma percepção importante dos discentes em relação à atividade desenvolvida foi a necessidade de fala dos idosos no que tange às experiências de vida relacionadas à temática, que muitas vezes não encontram espaços para serem compartilhadas, mas que precisam ser vocalizadas no âmbito dos serviços de saúde, especialmente na APS. Conclusões: depreende-se que a construção compartilhada do conhecimento – entre os idosos e os estudantes – constitui-se uma estratégia potente na ampliação dos saberes e práticas sobre saúde mental entre os atores envolvidos. |