Resumo |
Introdução: O diabetes mellitus (DM) é umas das principais causas da doença crônica renal (DRC) e tratamento substitutivo renal, como a hemodiálise (HD). O aumento no consumo de alimentos e bebidas processadas tem sido considerado um dos fatores que contribuem para o aumento na prevalência de obesidade e doenças crônicas. Objetivo: Avaliar o consumo de alimentos processados e ultraprocessados em indivíduos em HD, de acordo com a presença ou não de DM. Métodos: Estudo transversal, incluindo 100 indivíduos (54,5% homens; 60±15,1 anos) em HD, atendidos em um único centro de diálise, participantes da coorte NUGE-HD (Estudo da Nutrição e Genética nos Desfechos em Hemodiálise). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (protocolo n°: 701.796/2014) e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Os participantes do estudo foram entrevistados por meio de questionário semiestruturado para obtenção de dados sociodemográficos e clínicos. O consumo alimentar foi avaliado mediante questionário de frequência de consumo. Alimentos foram categorizados de acordo com o grau de processamento mediante uso da classificação NOVA (2016). O peso corporal (kg) e a altura (m) foram avaliados aproximadamente 30 minutos após o término da sessão de HD, por meio de técnicas padronizadas. O Índice de Massa Corporal (IMC, kg/m2) foi então calculado. Os dados foram processados e analisados no software Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS, versão 20.0), adotando-se o nível de significância α=5%. Para as análises estatísticas foram realizados os testes t de Student ou U de Mann-Whitney, de acordo com a normalidade das variáveis, que foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk. Resultados: Dos participantes desse estudo, 31% (n=31) apresentavam DM, tendo esses maiores valores de IMC comparados aos que não tinham DM (25,2 (22-27,6) vs 23,4 (20,5-25,2) kg/m²; p=0,038). Os alimentos processados e ultraprocessados representaram 18,1 e 24,6% da ingestão calórica diária (ICD), respectivamente. O consumo de alimentos processados (18,1; p25-p75:12,0-22,1 vs 11,6; p25-p75: 7,3-19,3 % ICD, p=0,036) e de ultraprocessados (24,6; p25-p75:1,2-76,6 vs 6,1; p25-p75: 4,2-47,6 % ICD, p=0,013) foi significativamente maior entre os indivíduos com DM em comparação aos não diabéticos. Conclusão: Os indivíduos em HD e com diabetes apresentaram maior consumo de processados e ultraprocessados. Nossos resultados indicam a necessidade de educação nutricional intensiva com este grupo, além de acompanhamento nutricional específico e individualizado para melhora na qualidade da dieta nessa população. Agradecemos aos participantes da coorte NUGE-HD. Apoio: Capes (001) e CNPq. |