Resumo |
O iodo é um componente essencial dos hormônios da glândula tireoide, a tiroxina e a triiodotironina. Dada à participação do iodo na fisiologia da síntese desses hormônios e aos impactos negativos que a sua deficiência pode provocar, a Organização Mundial da Saúde considera a deficiência em iodo como um grave problema de saúde pública no mundo, principalmente em gestantes, nutrizes e crianças. Neste cenário, no presente estudo foi determinada a concentração de iodo em alimentos frequentemente consumidos por gestantes e nutrizes, de diferentes regiões brasileiras. Para investigar a etiologia ecológica da deficiência de iodo nesses grupos, foram utilizadas amostras de alimentos produzidas em Viçosa (n=10), Maringá (n=6), São Luís (n=4), Palmas (n=5), Brasília (n=3) e Ribeirão Preto (n=5). As amostras de feijão, arroz, fubá, farinha de mandioca e leite em pó, coletas nas diferentes regiões avaliadas, foram preparadas por digestão via calcinação; por digestão via bloco digestor e por extração via ultrassom. Em experimentos preliminares, a concentração de iodo nos alimentos foi determinada por espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP OES). Entretanto, essa técnica não apresentou uma boa sensibilidade para quantificação do conteúdo de iodo abaixo de 8,28 mg/100g de alimento, independente dos tipos de digestão ou extração empregados no preparo das amostras. Alternativamente, testou-se o método colorimétrico de Sveikina (1975), modificado por Moxon e Dixon (1980) e validado para análise de iodo em amostras de alimentos, com adaptações de Perring et al. (2001). Os resultados variaram entre os municípios e entre os mesmos tipos de alimentos. Em 100 g de amostra de cada alimento, a concentração de iodo variou para (1) o feijão, entre 231,79 e 1317,92 µg; (2) o arroz, entre 328,27 e 1214,23 µg; (3) o fubá, entre 315,52 a 1320,09 µg; (4) a farinha de mandioca, entre 537,30 e 1183,89 µg e (5) o leite em pó, entre 1734,32 e 1906,43 µg. Os teores de iodo nos alimentos podem modificar de acordo com a região geográfica e com os tipos e condições do solo, o que justifica a variação dos resultados. Conforme Perring et al. (2001), o método colorimétrico pode ser empregado na determinação de iodo em alimentos, por apresentar limites de quantificação de 200 µg/100g. Posto que dados de concentração de iodo em alimentos não são amplamente divulgados na literatura, a comparação dos resultados obtidos no presente trabalho com os de outras fontes foi prejudicada. A fim de comparar os resultados obtidos e avaliar a participação do iodo no estado nutricional de gestantes e nutrizes, sugere-se a fortificação das amostras dos alimentos investigados, por meio da adição controlada de iodo. Assim, a técnica de ICP OES poderá ser empregada, pois os resultados obtidos se encontrarão acima do limite de quantificação do método. |