Resumo |
Introdução: a obesidade é um agravo de natureza multifatorial, resultante da interação de fatores ambientais, genéticos, culturais, sociais e comportamentais. Figura-se, atualmente, como um dos maiores desafios no campo da Saúde Pública, estudos reportam que nenhum país no mundo conseguiu diminuir a sua prevalência nas últimas três décadas. A nutrição exerce papel de destaque no tratamento da obesidade, no entanto, a atual estratégia conduzida essencialmente por meio da prescrição dietética restritiva tem se mostrado superficial, ineficaz e de baixa adesão. A abordagem nutricional comportamental emerge, neste contexto, como uma proposta intervencionista inovadora, não prescritiva, alicerçada no aconselhamento nutricional, que visa contemplar o indivíduo e a doença tanto em seus aspectos fisiológicos quanto nos sociais e emocionais que regem o contexto alimentar, fomentando assim, a possibilidade de reais mudanças no comportamento. Existem várias linhas teóricas que ancoram a abordagem nutricional comportamental, a saber: alimentação intuitiva, mindful eating, healt at every size, terapia cognitivo-comportamental aplicada à nutrição e modelo transteórico, que podem ser aplicadas de forma isolada ou conjunta. Objetivo: realizar uma revisão narrativa acerca da abordagem nutricional comportamental como estratégia para o tratamento da obesidade. Metodologia: as buscas para a referida revisão foram realizadas nas seguintes bases de dados científicas: Medline/PubMed, LILACS, Scopus e SciELO, utilizando os seguintes descritores em saúde: Obesidade, Comportamento Alimentar e Saúde Pública. Foram ainda consultados livros e documentos oficiais especializados no assunto, teses e dissertações. Foram selecionados, por conveniência, os trabalhos considerados mais abrangentes na temática proposta, em linguagem portuguesa e inglesa. Resultados: 14 trabalhos foram considerados elegíveis. Os estudos que avaliaram essa modalidade de intervenção a pessoas em situação de obesidade apontaram diversos benefícios, tais como: melhorias nas atitudes e comportamentos alimentares, manutenção ou redução no peso corporal, empoderamento nas escolhas alimentares, maior reflexão do indivíduo acerca dos episódios associados ao comer emocional e maior vínculo profissional-paciente. Conclusão: as pesquisas envolvendo a abordagem nutricional comportamental no manejo da obesidade, apesar de ainda limitadas, tem demonstrado resultados substanciais e consistentes, que remetem a um desfecho efetivo e duradouro, por possibilitar mudanças operáveis no comportamento alimentar do indivíduo. É, portanto, uma modalidade de intervenção interessante para o sistema de saúde, pois além de possuir um ótimo custo-benefício é aplicável tanto de forma individual quanto grupal. Sugere-se que sejam ampliadas as pesquisas na área, a fim de que tal abordagem se torne mais difundida, favorecendo assim o seu uso no manejo da obesidade pelos serviços de saúde. |