Resumo |
O presente trabalho tem como objetivo trazer um recorte das percepções de um grupo de professores de Química a respeito do Regime Especial de Atividades Não-Presenciais (REANP) adotado em Minas Gerais durante a pandemia da COVID-19. Implementado desde o dia 18 de maio 2020 pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), o REANP é um conjunto de medidas adotadas pelo Governo Estadual mineiro com vistas a continuar desenvolvendo suas atividades educacionais junto às escolas estaduais em todos os seus níveis e munícipios. Diante da situação pandêmica que acomete o país e o mundo, medidas de isolamento social são adotadas pelos governos estaduais, municipais e o federal devido a paralisação das atividades presenciais por motivo de saúde pública. Desta forma, o REANP abarca três pilares centrais, sendo que o primeiro refere-se ao Plano de Estudos Tutorados (PET), com uma apostila contendo conteúdos sucintos de cada componente curricular e algumas atividades abarcando os conceitos discutidos. Tais conteúdos estão em diálogo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e com o Currículo Básico Comum (CBC). O segundo pilar está concatenado às aulas do programa Se Liga na Educação, veiculadas pela Rede Minas de Televisão e subsidiado pelo Governo Estadual. As aulas acontecem semanalmente no período da manhã e abordam os conteúdos dos PETs. O terceiro e último pilar do REANP é o aplicativo Conexão Escola, disponibilizado aos estudantes e professores, visando estreitar os laços por meio do chat entre estudantes e professores, neste período de isolamento. Para discutir as atividades de Química, desde o início do REANP foram criados dois grupos no WhatsApp com cerca de 500 professores/as de Química de MG. O grupo segue debatendo as ações do REANP implementadas nas escolas e estratégias didáticas envolvendo a Química. Uma série de desafios foi discutido pelos professores ao longo dos quatro meses de desenvolvimento do REANP, dentre eles: as dificuldades de acesso dos estudantes ao aplicativo, as desigualdades sociais nas diferentes regiões de MG, a ansiedade e o estresse que acometem os docentes e os discentes que não possuem condições adequadas para se dedicar aos trabalho e estudo, à falta de comunicação dos estudantes que visualizam as mensagens e não respondem aos seus professores, dentre outros fatores. Ainda foram expressas as dificuldades para o desenvolvimento do conteúdo, devido o alto grau de abstração e o caráter extremamente conteudista dos PETs, com exercícios já resolvidos na internet, dificultando assim os processos de aprendizagem da Química. Desse modo, os professores salientam a importância do contato presencial para o desenvolvimento das atividades e que, apesar das estratégias implementadas, tais como, videoaulas e vídeos instrutivos, o diálogo é imprescindível para o desenvolvimento de uma Educação Química que realmente contribua para a formação humana dos estudantes inseridos no contexto da Educação Básica. |