Resumo |
Atualmente, há um canal no youtube chamado “Desconfinados”, do qual o principal idealizador é Jonathan Nemer, conhecido como humorista e cristão, que divulga esquetes humorísticos com censura livre explorando várias situações cotidianas, inclusive as da vida do povo evangélico. O conteúdo é distinto do “Porta dos Fundos”, por exemplo, que faz críticas ácidas a muitos temas relacionados à religião, chegando a causar revolta, principalmente nos crentes. Dessa forma, como no campo do humor existem vários posicionamentos e o riso possui uma relação problemática com a religião (VALE, 2013), cabe fazer a seguinte pergunta: Até que ponto este canal vai no uso do riso? Para respondê-la, faz-se necessário analisar o humor nos esquetes do canal. Acredita-se que, nesses esquetes, os produtores tendem a alcançar um público mais conservador, ligado de alguma forma ao mundo evangélico, fazendo críticas que não os ofendam, mas que os fazem refletir sobre fatos da vida dos crentes. Logo, cabe analisar a VRBANITAS do presente canal, por meio da observância das estratégias discursivas nos seus esquetes. Quanto aos objetivos específicos, pretende-se: 1) compreender o funcionamento do gênero esquete; 2) entender os contratos de comunicação envolvidos; 3) entender como realiza-se o quadro de encenação dos esquetes; 4) contribuir para os estudos do discurso humorístico. À vista disso, optou-se pela teoria Semiolinguística do Patrick Charaudeau, pois, através dela, o analista pode vislumbrar a dimensão psicosociolinguageira do uso da linguagem, além de fornecer aparatos metodológicos para o estudo do não-verbal. Porém, para uma captação mais exata dos efeitos de sentido, categorias como riso e VRBANITAS, trazidas para o campo da análise do discurso por intermédio dos estudos de Vale (2013), fazem-se fundamentais. Para a construção do corpus, cogita-se a seleção de 10 vídeos para a análise com os temas relacionados ao mundo evangélico. Como resultados, afirma-se que o quadro comunicacional clássico do Charaudeau (2016) não é suficiente, e acredita-se na possibilidade do uso do quadro proposto por Mello (2004) acerca do texto literário e do texto dramático, mas com algumas alterações, porque, como no discurso fílmico, os esquetes possuem um roteiro e uma equipe de produção dos vídeos. Nesse caso, o EUc seria o roteirista, sujeito social e histórico, e a equipe de produção seria o scriptor. No caso de “Desconfinados”, aparentemente, os roteiristas e os produtores se fundem, visto que o criador parece participar dessas atividades. Além disso, dentro deste quadro comunicacional há a possibilidade de contemplar na análise os personagens dos esquetes, os quais simulam uma situação concreta. Ademais, ainda há muito a ser desenvolvido, porém torna-se imperioso analisar os esquetes de canais como os “Desconfinados”, visto que os produtores se veem diante de uma relação complicada entre o riso e um humor mais cristão, que visa ser de censura livre. |