Resumo |
Introdução: O cenário global pandêmico agravou a disparidade de gênero, em especial, o feminino. As mulheres estão submetidas à tripla carga de trabalho e estão expostas ao aumento do risco de violência doméstica devido ao distanciamento social, medida adotada para minimizar a propagação do novo coronavírus. Dentre as mulheres, destacam-se as profissionais de enfermagem que além da jornada de trabalho exaustiva, da exposição direta ao risco de infecção pelo vírus, do distanciamento familiar, da necessidade de capacitação constante, ainda possuem responsabilidades desiguais nas tarefas domésticas e com os filhos e/ou membros da família, contribuindo assim para o adoecimento psicológico e na diminuição da qualidade de vida. Objetivo: Identificar na literatura os fatores estressantes que colaboram para sobrecarga das profissionais de enfermagem no cenário pandêmico frente à desigualdade de gênero. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, realizada nas bases de dados SciELO e Periódicos CAPES; e dos sites: FIOCRUZ, ONU Mulheres e COFEN. Foram incluídos os artigos e textos publicados entre 2019 e 2020. Para a busca, foram utilizados os descritores “enfermagem”, “gênero” e “pandemia”, combinados pelo operador booleano “and”. Resultados: Foram identificados 9 artigos. Nestes, identificou-se que são múltiplos os fatores que desencadeiam a sobrecarga da mulher e, principalmente as profissionais de enfermagem. Dentre os fatores estressantes destacam-se: jornada tripla de trabalho das mulheres, em especial profissionais de saúde, a responsabilidade com as tarefas domésticas, o cuidado com os filhos, o aumento do risco de violência doméstica, o distanciamento das redes de apoio, o aparecimento do medo e ansiedade frente às incertezas e ao desconhecido. Todos esses estressores predispõem à diminuição da imunidade e, consequentemente, maior risco às infecções e em uma menor qualidade de vida. Além disso, é imprescindível apontar que a escassez na literatura de estudos que utilizem uma lente de gênero para diferenciar as necessidades e formas de enfrentamento à pandemia, está diretamente relacionada com a manutenção da disparidade existente. Conclusão: A pandemia foi capaz de reafirmar a desigualdade de gênero ao evidenciar as jornadas de trabalhos exaustivas, os estressores como carga tripla de trabalho e a violência doméstica, o que culminam para o déficit na qualidade de vida, com a sobrecarga psicológica, física e mental enfrentada pelas mulheres, em especial pelas profissionais de enfermagem. É imprescindível que haja um aumento de pesquisas e de representatividade feminina para que se possam delinear formas de enfrentamento equitativas às necessidades de gênero. |