Resumo |
Introdução: É paradoxal pensar a violência no contexto escolar, à medida que se espera da escola a contribuição para a formação cidadã, legitimadamente em perspectiva humanista para um projeto de sociedade justa e igualitária, conforme documentos balizadores da educação nacional. O ambiente escolar tem sido alvo de violências constantes, incluindo a violência contra professores, que é frequentemente vítima da violência nesse espaço. Tais compressões afetam a qualidade do ensino ocasionando em prejuízos no aprendizado e na formação dos alunos como cidadãos, refletindo um grande problema social. Objetivo: Analisar concepções e percepções de violência contra professores de Educação Física e de outras áreas do conhecimento da educação básica, a partir da perspectiva de docentes em exercício da cidade de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Metodologia: A pesquisa é de natureza qualitativa, descritiva e exploratória, e utilizou como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Viçosa sob número de parecer 3.639.588. Empregou-se a técnica de análise de conteúdo. Resultados: Três categorias foram identificadas, a saber: 1) Escola: onde a violência ocorre; 2) professores cercados pela violência; e 3) violência e desvalorização da profissão. Os resultados apontam pontos comuns a todas as áreas do conhecimento, como as violências que afetam professores em seu cotidiano, causando medo e insegurança no exercício da profissão; o desconhecimento de mecanismos legais ou de outra natureza de apoio ao professor caso ele sofra violência na escola e o sentimento de desvalorização profissional. Pontos específicos sobre a violência percebida por professores de Educação Física emergiram, sendo que eles tangenciam a questão da intencionalidade pedagógica. Essa dificuldade perpassa toda a cultura escolar e se escancara ao analisar o problema da violência escolar. As especificidades da Educação Física quanto à percepção de violência incluem, por exemplo, o espaço físico das aulas que, em diferentes perspectivas, agrava a violência contra o professor de Educação Física e entre alunos, pela dificuldade de gerenciar o espaço e o número de alunos. A desvalorização da disciplina e a falta de avaliação em caráter de nota na Educação Física escolar foi mencionado como mecanismo de coibir a violência, embora revele-se equivocado quanto às teorias educacionais sobre avaliação contemporaneamente. Conclusão: O estudo ressalta que professores de Viçosa tem a violência em seu cotidiano, uma vez que esse problema social adentra o ambiente escolar e comprime os fazeres pedagógicos contribuindo para um ciclo de desvalorização social da profissão. Há a necessidade de um maior investimento em pesquisas qualitativas sobre a violência contra professores, incluindo a violência contra professores de Educação Física. |