Resumo |
A hipertensão arterial sustentada leva ao remodelamento adverso do miocárdio, tanto na morfologia quanto na funcionalidade, especialmente do ventrículo esquerdo (VE). Existem evidências que o treinamento físico com exercício aeróbico atenua tal remodelamento, mas poucos estudos se preocuparam com os efeitos do exercício resistido. O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos do treinamento físico resistido (TR) sobre a função e a morfologia do VE em modelo animal, especificamente ratos espontaneamente hipertensos (SHR). Os animais obtidos do Biotério Central da UFV, ratos Wistar Kyoto (idade: 4 meses; e peso corporal: ~ 290 g) e SHRs (idade: 4 meses; e peso corporal: ~ 325 g), foram alocados em 4 grupos experimentais, a saber: normotenso controle (NC, n = 9); normotenso treinado (NT, n = 10); hipertenso controle (HC, n = 7); e hipertenso treinado (HT, n = 6). Os animais dos grupos NT e HT foram submetidos a um protocolo de TR (escalada em escada) com número de repetições e cargas progressivas até a fadiga, 3 vezes por semana, durante 9 semanas, após uma semana de adaptação. Ao final das 9 semanas, a pressão arterial foi aferida e o exame ecocardiográfico foi realizado, 48h após a última sessão de treino dos animais. Os dados foram comparados usando-se análise de variância (ANOVA) de duas entradas, seguida do post-hoc de Tukey. O nível de significância adotado foi de até 5 % (p ≤ 0,05). A análise dos dados mostrou que não houve efeito do programa de TR (p > 0,05) na pressão arterial, assim como no diâmetro interno e na espessura da parede posterior do VE, em sístole e diástole. Ademais, a fração de encurtamento do VE do grupo HT não foi diferente (p > 0,05) daquela observada no grupo HC. Contudo, a fração de ejeção do VE do grupo HT (74,33 ± 4,80 %) foi maior (p < 0,05) que a observada no HC (63,86 ± 12,69 %). Em conclusão, o programa de TR aplicado é capaz de melhorar a capacidade funcional do VE em ratos SHR, sem alterar a morfologia do VE e a pressão arterial. |