Resumo |
Introdução: Tradicionalmente, a formação dos profissionais de saúde é baseada em metodologias de ensino aprendizagem conservadoras e reducionistas, que privilegiam a apresentação do conhecimento de forma fragmentada. Neste tipo de metodologia, prioriza-se a retenção e repetição de conteúdos. Por outro lado, a concepção pedagógica crítico-reflexiva, ao promover a discussão do conhecimento a partir da resolução de problemas da realidade, propõe uma formação inovadora e contextualizada, capaz de estimular a ação interdisciplinar, incentivar o trabalho em equipe e produzir um cuidado integral à saúde. Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o impacto da utilização de espaços não formais de aprendizagem na formação de discentes do curso de Nutrição da UFV/CRP. Metodologia: Trata-se de um estudo de intervenção não controlado, de natureza qualitativa, realizado no município de Rio Paranaíba. A população desta pesquisa foi composta por discentes vinculados ao curso de Nutrição da UFV/CRP. Os dados foram coletados durante as aulas da disciplina Nutrição Social e no período de realização das atividades do Núcleo de Educação Popular e Saúde (NEPS), a partir do acompanhamento das visitas domiciliares realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Foi utilizada como técnica de coletas de dados a observação participante e os discentes também responderam um questionário sobre a experiência. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (CEP/UFV), sob o número de parecer 3.001.592. Resultados: Ao todo, participaram 26 discentes e foram acompanhadas 78 visitas domiciliares. Como pontos positivos foram destacadas a oportunidade para o esclarecimento de dúvidas e a ampliação do conhecimento técnico relacionado à complexidade do processo saúde-doença e ao funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Os discentes também valorizaram a associação entre a teoria e a prática promovida por esta atividade, o que fomentou um crescimento no âmbito profissional e pessoal. Quando questionados sobre o sentimento ao final desta vivência, 28,9% relataram gratidão e reconhecimento; 18,4% satisfação e realização e 10,5% empatia. Como desvantagens foram apontadas a insuficiente capacitação dos ACS e a falha de comunicação entre profissionais de saúde. Conclusões: De forma geral, esta experiência foi avaliada positivamente e os discentes recomendaram sua continuidade. Além disso, o contato com a realidade favoreceu a sensibilização dos discentes, que é considerada uma habilidade fundamental para a oferta de um cuidado qualificado à saúde. Por fim, este estudo viabilizou o estabelecimento de uma parceria bem-sucedida entre a Universidade e a Secretaria de Saúde do município, ampliando os campos de práticas e as oportunidades para a realização de ações de ensino, pesquisa e extensão. |