Resumo |
O gênero Hypostomus (Siluriformes, Loricariidae) abrange peixes conhecidos popularmente como cascudos sendo amplamente encontrados na América do Sul. Possui de 132 espécies válidas, sendo este um número bastante subestimado devido à grande dificuldade de se estabelecer uma delimitação taxonômica. Frequentemente, diversas ferramentas, como a biologia molecular, são utilizadas de forma a esclarecer questões evolutivas pendentes sobre os grupos. Filogenia molecular é cada vez mais utilizada com o objetivo de entender a história evolutiva das populações. Com isso, essa ferramenta é de grande importância para resolver, ou pelo menos acrescentar, conhecimento para os estudos taxonômicos dos grupos. As sequências do gene mitocondrial COI das espécies provenientes da bacia do São Francisco Hypostomus margaritiffer e H. allatus e das espécies provenientes da bacia do Paraná H. commensonii, H. nigromaculatus, H. paulinus, H. affinis, H. ancistroides, H. iheringii foram obtidas no GenBank (www.ncbi.nlm.nih.gov). Em seguida as sequências foram alinhadas com o algoritmo MUSCLE no software MEGA 7.0.26. A análise de Inferência Bayesiana foi realizada no software Mr. Bayes v3.2, usando o servidor online CIPRES. Assim, o arquivo da árvore gerado pela análise bayesiana foi visualizado e editado a partir do software FigTree 1.4.4. A árvore filogenética gerada pela análise bayesiana mostra um agrupamento das espécies provenientes da bacia do Paraná e a separação de Hypostomus margaritifer, da bacia do São Francisco. Há, entretanto, o agrupamento de H. alatus com espécies do Rio Paraná. O número de suporte de ramos, gerado pela análise bayesiana, aparece muitas vezes em um nível aceitável (considerando acima de 0,9). O agrupamento de espécies da bacia do rio Paraná é suportado pela separação de Hypostomus margaritifer, proveniente da bacia do São Francisco. Isso pode ocorrer devido a separação das bacias e as diferentes dinâmicas que ocorrem entre elas. Entretanto, ao mesmo tempo, Hypostomus alatus sendo também proveniente da bacia do São Francisco, agrupou com as espécies da bacia do Paraná, o que pode indicar que o isolamento da espécie é muito recente, visto que a total separação das bacias ocorreu há cerca de 3 milhões de anos, sendo um curto espaço de tempo geológico. Outra hipótese é a introdução de Hypostomus alatus dentro da bacia do Paraná, sendo bastante possível, mas difícil de provar. Além disso, as dinâmicas populacionais ainda são pouco conhecidas dentro da bacia do São Francisco devido à carência de estudos ictiológicos. Assim, com estudos posteriores pode-se entender melhor a dinâmica dentro da bacia do São Francisco para que se tenha um parâmetro comparativo com outras bacias brasileiras, como a bacia do Paraná. |