Resumo |
Brycon é um gênero da família Bryconidae com 44 espécies válidas distribuídas pela América do Sul. Muitas destas possuem importância econômica e se encontram sob alguma categoria de ameaça de extinção. Apesar disso, estudos taxonômicos são escassos e apresentam problemáticas no estabelecimento da família Bryconidae dentro de Characiformes. Contudo, trabalhos recentes têm buscado utilizar a filogenia molecular para construção de relações filogenéticas e auxiliar na resolução destes problemas. Diante deste cenário, o presente trabalho objetivou utilizar o gene mitocondrial COI para reconstruir a história evolutiva das espécies do gênero com ocorrência nas bacias do Paraná, São Francisco e Atlântico Sudeste. Para isso, foram utilizadas sequências disponíveis no GenBank, bem como obtidas do acervo do LaGEEvo (Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva), referentes às espécies B. opalinus, B. insignis, B. orbignyanus, B. insignis, B. orthothaenia, B. hilarii, B. nattereri e Chalceus macrolepidotus. Foram obtidas 45 sequências distribuídas entre as 7 espécies amostradas, sendo alinhadas com o algoritmo MUSCLE no software Mega X 10.0.5. Em seguida, a inferência Bayesiana foi realizada no programa MrBayes v3.2. As árvores resultantes foram visualizadas e editadas no programa FigTree v1.4.4, sendo enraizada no grupo externo Chalceus macrolepidotus. Associado a esses resultados, a filogenia obtida a partir da inferência Bayesiana nos mostrou evidente estruturação dentre os indivíduos da mesma espécie. Indicando a estabilidade genética do gênero e ausência de fluxo gênico entre as espécies amostradas. Com isso, houve estabelecimento de dois grandes clados bem delimitados, sendo um composto por B. insignis e o outro formado pelas demais espécies. Esse segundo grupo é subdividido pelo agrupamento de B. hilarii, B. orbignyanus e B. orthotaenia e pelo clado com B. opalinus e B. nattereri. Essa separação pode ter ocorrido principalmente devido as relações entre B. opalinus e B. nattereri, tido como grupos irmãos em estudos taxonômicos, moleculares e filogeográficos, possivelmente fruto de uma especiação mais recente. B. nattereri, por sua vez, foi a única espécie dividida em dois clados bem suportados, um correspondente à bacia do rio São Francisco e outro à do Paraná. Portanto, propõe-se que esta construção filogenética de B. nattereri seja o resultado de diferenças acumuladas entre as populações em decorrência da ausência do fluxo gênico entre elas. Com isso, entende-se que o gênero apresenta variações genéticas suficientes para o estabelecimento de uma filogenia molecular consistente, que pode integrar estudos taxonômicos com o gênero. |