Resumo |
O fungo Colletotrichum gloeosporioides é um dos maiores causadores de doenças pós-colheita em mamão, ocasionando também diminuição no tempo de vida útil do fruto. Dessa forma, o presente estudo objetivou avaliar o uso de revestimento bioativo incorporado com óleo essencial no controle de C. gloeosporioides em frutos de mamão. Foram avaliadas a ação fungitóxica direta e a indução de resistência do óleo nos frutos revestidos. Os óleos essenciais de canela, cravo-da-índia, gengibre, eucalipto, laranja, limão e capim-limão foram avaliados na inibição do crescimento micelial do fungo in vitro, nas concentrações de 0; 0,5; 0,8; 1 e 5 ppm. O óleo mais efetivo nos testes in vitro foi selecionado para ser incorporado ao revestimento a base de amido. Frutos de mamão foram então revestidos com solução de amido (Controle) e solução de amido + óleo essencial 10 ppm (Tratamento), mantidos a temperatura ambiente e a 4 °C por 20 dias. A cada quatro dias foram analisadas a perda de massa, as características microbiológicas (contagem de fungos filamentosos, leveduras e podridões), os parâmetros físico-químicos (pH, sólidos solúveis totais – SST, acidez total titulável – ATT e relação SST/ATT) e compostos relacionados à indução de resistência do fruto (fenóis totais e de atividade antioxidante total). O delineamento experimental foi o interiramente casualizado, com três repetições por dia de avaliação para cada tratamento. O óleo de canela foi o que apresentou melhor atividade fungicida in vitro sobre o C. gloeosporioides e portanto, foi selecionado para preparação do revestimento bioativo. Observou-se um aumento crescente e linear da perda de massa dos frutos, ao longo do tempo de armazenamento, no entanto, não houve diferença nos valores de pH, SST, ATT e relação SST/ATT em ambos os tratamentos e temperaturas testadas. Quanto aos aspectos microbiológicos, não houve diferença significativa entre os tratamentos na contagem de fungos filamentosos e de leveduras. Porém a temperatura influenciou no aparecimento de podridões, já que a 4°C o tratamento com revestimento apresentou um percentual menor de frutos com podridões ao longo do tempo de armazenamento. A atividade antioxidante total foi maior nos frutos revestidos com óleo e uma quantidade mais elevada de fenóis foi observada no controle do que nos frutos revestidos apenas no vigésimo dia de análise. Conclui-se que a utilização do revestimento com óleo de canela 10 ppm pode aumentar o tempo de vida útil dos frutos, já que diminui o número de podridões e não interfere nas características físico-químicas. |