Resumo |
Huanglongbing ou greening é uma doença incurável e fatal que ameaça a citricultura mundial. A doença é transmitida pelo psilídeo Diaphorina citri Kuwayama (Hemiptera: Psyllidae). Atualmente, a principal forma de manejo da doença é o controle do vetor. Nesse contexto, o controle biológico revela-se como uma importante ferramenta para manejo do inseto-vetor, visto que inimigos naturais, além de predar herbívoros, podem influenciar o comportamento de suas presas reduzindo os danos causados em plantas. Um promissor agente de controle biológico do psilídeo é o ácaro predador Amblyseius herbicolus Chant (Acari: Phytoseiidae). Dessa forma, os principais objetivos deste trabalho foram investigar se a presença de A. herbicolus afeta a escolha de adultos de D. citri por plantas de murta-de-cheiro e se a liberação de predadores desencadeia o comportamento de dispersão dessa praga. Inicialmente, foi testada a preferência de D. citri por plantas com coespecíficos em comparação à plantas limpas visto que sabe-se que os psilídeos são atraídos por plantas com indivíduos da mesma espécie. Esse experimento funcionou como controle para o sistema testado. Para avaliar se a presença de A. herbicolus alteraria a preferência de D. citri pela planta hospedeira, foram realizados experimentos com os seguintes tratamentos: 1) plantas com predadores e coespecíficos; 2) com predadores e plantas com ovos; sempre testados com o par controle (sem predador) nas mesmas condições. Para avaliar se a liberação de A. herbicolus desencadeou a dispersão de D. citri, cada planta com ovos e adultos da praga foram posicionadas dentro de gaiolas junto com uma planta limpa. Em metade das gaiolas, predadores foram liberados na planta que continha o vetor. Observamos que os psilídeos foram atraídos por plantas com coespecíficos, o que corrobora a eficácia do sistema para avaliar as escolhas deste vetor praga. Porém, a presença de A. herbicolus em uma das plantas oferecidas para D. citri fez a praga não mais exibir preferência por plantas com coespecíficos, nem por plantas com ovos ou mesmo por plantas limpas. Assim, a percepção do risco de predação no ambiente fez os psilídeos se dividirem entre plantas com e sem predadores. Além disso, observamos que quando os psilídeos estão estabelecidos nas plantas, a chegada do predador não causa dispersão da praga. Provavelmente, D. citri têm preferência por plantas com coespecíficos por trazer vantagens em fitness. A presença do predador pode ter um custo para a praga, que ao identificar o risco de predação não mais consegue escolher as melhores plantas para se estabelecer. Além disso, o predador não causa dispersão do vetor e isso pode significar que embora A. herbicolus não evite a contaminação de novas plantas, também não aumenta a transmissão do patógeno. Os resultados obtidos confirmam que A. herbicolus é um potencial agente de controle biológico de D. citri. |