"Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável"

24 a 26 de outubro de 2023

Trabalho 19960

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática História
Setor Departamento de História
Bolsa Não se Aplica
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Diogo Soares Moreira Rodrigues
Orientador PRISCILA RIBEIRO DORELLA
Título O milho e os patos: relações culturais e político-econômicas em Patos de Minas-MG (1959-2023)
Resumo Este trabalho busca compreender e elucidar as relações entre o milho e a cidade de Patos de Minas, localizada no Triângulo/Alto Paranaíba. Foi desenvolvido durante o Mestrado Profissional em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania, do Departamento de História (DHI) da UFV.

A ligação da região onde hoje está situado o município com o milho é milenar – ou seja, muito anterior à própria existência da cidade. O cereal era a base da alimentação dos povos indígenas que ali viveram. Apesar do envolvimento de dependência do milho com o ser humano que habita essa região (e vice-versa) transpor séculos e milênios, essa relação foi extremamente modificada ao longo do tempo, sobretudo nas últimas sete décadas. Diversos costumes e modos de fazer foram mantidos ou ligeiramente adaptados, mas tradições foram inventadas e são repetidas ano após ano, como a Festa do Milho, criada em 1959. Muitas dessas tradições trazem consigo, mesmo que de maneira implícita e às vezes pouco percebida pela sociedade, uma carga de interesses econômicos e políticos impostos por quem as cria ou por quem as apropria. A maior parte das relações de poder e das apropriações de espaços e práticas populares é silenciada e/ou negligenciada por uma historiografia cuja abordagem é predominantemente laudatória. Utilizando um discurso hegemônico, uma elite dominante molda e controla a forma como os fatos são percebidos, compreendidos e organizados na sociedade. Durante o estudo, o propósito foi olhar essa historiografia sob uma visão crítica, que pensa os porquês e questiona as narrativas impostas. Tudo isso perpassa pelas relações do agronegócio (desde sua gênese, na Revolução Verde) com os lugares de presença do milho na cultura patense – sobretudo quanto ao cultivo do grão e as influências e apropriações do setor durante a Festa Nacional do Milho. Além disso, os objetivos do trabalho visam a reafirmar e ressaltar a importância do milho na cultura popular de Patos de Minas, tanto nas áreas rurais quanto urbanas. Isso se manifesta por meio de sua presença como planta nas atividades agrícolas, como alimento nas práticas culinárias, como elemento celebrado na Fenamilho e como expressão artística em trabalhos artesanais. Ou seja, o milho é reconhecido como um valioso patrimônio cultural imaterial de Patos de Minas. Inclusive se faz presente, de fato, quando o Feitio da Pamonha se torna um bem registrado pela administração municipal.

Finalmente, pontua-se que parte das exigências do Mestrado preveem uma intervenção social em forma de produto. Portanto, a proposta é publicar um livro-reportagem a partir do trabalho de edição da dissertação, suprimidos os trechos com teorização de maior densidade. Dessa forma, utilizando linguagem acessível, espera-se que o milho seja compreendido pela população patense tanto na forma de um item cultural de relevância para as camadas populares da sociedade, quanto como um meio utilizado pelas classes dominantes moldarem narrativas e práticas hegemônicas.
Palavras-chave Milho, Patos de Minas, Patrimônio
Forma de apresentação..... Vídeo
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