Resumo |
Espécies do gênero Pseudomonas são frequentemente associadas à deterioração de produtos lácteos devido à sua adaptabilidade em temperaturas de refrigeração. Dois grandes problemas associados a essas bactérias são a produção de proteases termorresistentes, que mantêm atividade após o tratamento térmico de leites fluidos, e a produção de pigmentos azuis, formando manchas em diversos tipos de queijos. Em vista disso, este trabalho objetivou analisar os fatores que afetam a produção de pigmento azul, bem como a capacidade de produção de proteases por bactérias do gênero Pseudomonas. Foram avaliadas as cepas pigmentantes Pseudomonas carnis B157 e C020, Pseudomonas paracarnis A006 e RQ057 e as cepas não pigmentantes Pseudomonas sp. C005, C008, C019 e C026 sendo todas elas isoladas de produtos lácteos. A velocidade de crescimento das quatro cepas pigmentantes foi determinada a 25 °C em caldo Broth Heart Infusion (BHI). A atividade proteolítica das cepas pigmentantes e não pigmentantes foi avaliada no sobrenadante livre de células obtido por centrifugação após cultivo das culturas microbianas em leite UHT integral e em Meio Mínimo para Pseudomonas (MMP) acrescido de 2% (v/v) do mesmo leite. As culturas foram incubadas sob agitação (190 rpm) por 24 h a 25 °C. A determinação da atividade enzimática foi realizada utilizando a azocaseína como substrato da reação enzimática. Para avaliar a estabilidade térmica, tubos contendo leite UHT integral inoculado com as cepas pigmentantes e não pigmentantes (1 % v/v) e incubados a 25 °C por 24 h foram submetidos à 75 °C por 15 segundos. Além disso, foram analisadas as fontes de carbono que afetam a produção de pigmento azul em placas de 24 poços com MMP suplementado com lactato de sódio, glicose, galactose ou citrato de sódio, a 30 mM. As cepas P. carnis C020 e P. paracarnis A006 apresentaram as maiores velocidades específicas de crescimento máximas (0,44/h e 0,40/h, respectivamente). Todas as cepas pigmentantes apresentaram atividade proteolítica em leite UHT enquanto apenas Pseudomonas sp. C005 e C008 apresentaram esta característica dentre as cepas não pigmentantes. Em MMP acrescido de leite, todas as cepas avaliadas foram capazes de produzir proteases. A atividade proteolítica de todas as cepas produtoras de proteases foi superior nos extratos enzimáticos obtidos a partir do cultivo em MMP suplementado com leite UHT. Quanto à resistência térmica, apenas as amostras de leite inoculadas com Pseudomonas sp. C005, C019 e C026 se mantiveram estáveis após o tratamento térmico. Todas as cepas pigmentantes produzem pigmento em 24 horas, quando incubadas à 25 °C na presença de lactato de sódio como fonte de carbono. Concluiu-se que tanto as cepas pigmentantes quanto aquelas não pigmentantes pertencentes ao gênero Pseudomonas apresentam potencial deteriorador e representam risco para a indústria de laticínios. |