Resumo |
A casca de soja é um subproduto da indústria de processamento de soja. Considerando a grande quantidade gerada desse resíduo e a sua composição química, especialmente o seu alto conteúdo de celulose e hemicelulose e baixa concentração de lignina, ela torna-se uma excelente candidata para utilização na produção de etanol celulósico. A conversão da biomassa lignocelulósica a etanol depende dos métodos de pré-tratamento empregados, da composição da matéria-prima e do coquetel de enzimas usado para liberar açúcares na etapa de hidrólise enzimática. O objetivo deste trabalho foi investigar a influência de diferentes pré-tratamentos hidrotérmicos na sacarificação enzimática da casca de soja. Para isso, a casca de soja na concentração de 33% (m/v) de sólidos foi pré-tratada em diferentes temperaturas (130-190 oC) e por diferentes tempos (30 min- 45 min) em reator hidrotérmico. Após cada pré-tratamento, toda a casca de soja pré-tratada (fração sólida e fração líquida) foi direcionada para o ensaio de hidrólise enzimática realizado nas seguintes condições: 20% (m/v) carga de sólidos, 8 FPU/g biomassa da enzima Cellic® Ctec3 em tampão citrato de sódio pH 5, 100 mM durante 120 h a 50 oC, 200 rpm em agitador horizontal. As concentrações de açúcares liberados nos hidrolisados foram determinadas por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) em cromatógrafo Shimadzu, coluna HPX-87H Biorad, fluxo 0,6 mL/min e temperatura 65 oC. A partir da determinação da concentração dos açúcares liberados e baseado na composição química da casca de soja, foi possível calcular a conversão de celulose a glicose, açúcar este que será fermentado a etanol nas etapas subsequentes do processo. As condições de pré tratamento mais eficientes foram a 190 oC, 30 min; 145 oC, 45 min e 160 oC, 30 mim. Após a sacarificação enzimática da casca de soja pré-tratada, os resultados de conversão de celulose a glicose variaram entre 48 a 70%. Sendo assim, pode-se concluir que essas condições de pré-tratamento hidrotérmico foram efetivas, facilitando o acesso das enzimas à fibra vegetal e consequentemente liberando maiores concentrações de açúcares fermentescíveis. |