Resumo |
Os sistemas agrossilvipastoris (SASPs), também denominados integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), são práticas agroflorestais que visam obter benefícios ecológicos e econômicos por meio das interações entre seus componentes. Apresentam potencial para elevar e diversificar a renda, através da comercialização de diversos produtos. A análise econômica desses sistemas é fundamental para melhor compreensão dos custos e receitas. O objetivo da pesquisa foi analisar a produção e os retornos financeiros de culturas de ciclo curto em dois sistemas agrossilvipastoris com mogno-africano e eucalipto, com milho e feijão, em comparação a um modelo de exploração pecuária convencional, em São Francisco do Glória/MG. Foram avaliados dois sistemas, sendo SASP- mogno-africano (Khaya grandifoliola C. DC.) e SASP - eucalipto (híbrido Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis - Clone i144), ambos em arranjo espacial em fileiras triplas, sendo espaçamento de 3 x 3 m nas fileiras e 24 m entre renques, totalizando 333 plantas/ha, com milho (Zea Mays L.) e feijão (Phaseolus vulgaris L.) nas entrelinhas. Analisaram-se dados referentes aos anos agrícolas 2019/2020 (Ano 0), 2020/2021 (Ano 1), 2021/2022 (Ano 2) e 2022/2023 (Ano 3), sendo para o SASP - eucalipto quatro anos agrícolas e o SASP - mogno-africano nos três últimos anos. Considerou-se custos referentes a insumos (fertilizantes, sementes, mudas, defensivos, herbicidas e material para cercamento), mão de obra (plantio, manutenção e colheita) e mecanização (preparo de solo, plantio e colheita), e as receitas referentes às comercializações de milho grão, silagem e em palha, e feijão em grão. Os custos do SASP – eucalipto, ao final dos quatro anos, totalizaram R$25.540,95, e do SASP – mogno-africano, ao final dos três anos, R$26.121,79. O SASP - eucalipto apresentou melhor desempenho na amortização dos custos, com as culturas agrícolas proporcionando saldo positivo de R$ 10.096,69/ha ao fim do quarto ciclo agrícola, enquanto o mogno-africano não alcançou a amortização completa, com déficit de R$ 2.843,03/ha. Em um cenário simulado e melhorado, considerando as colheitas do milho para produção exclusivamente de silagem, para o SASP – eucalipto poder-se-ia alcançar um superávit de R$43.543,53, e para o SASP – mogno-africano R$38.928,45. Em análise comparativa, considerando o uso das áreas para pecuária em monocultura de gramíneas e em sistema de locação da pastagem para terceiros (renda R$360,00/ha/ano), os SASPs apresentam potencial de renda bem superior. Conclui-se que as culturas agrícolas apresentam potencial de amortização dos custos de implantação de SASPs, com influências das culturas, tipo de produto e valor comercializado. Considerando o uso anterior das áreas, com pecuária em monocultivo, ambos sistemas constituem opções mais rentáveis, considerando a renda futura da madeira. Em um cenário melhorado, os dois sistemas seriam potenciais para alcançar amortização dos custos no primeiro ciclo agrícola. |