Resumo |
O assédio é um fenômeno que ocorre na sociedade brasileira, que reflete nas relações pessoais e de trabalho. O assédio pode ser classificado em duas formas principais, o assédio moral e sexual. O assédio está presente na cultura organizacional das IES (Instituições de Ensino Superior), tendo impactos sobre a vida dos indivíduos envolvidos no ambiente universitário, como docentes, discentes, demais servidores e terceirizados. O objetivo geral deste estudo foi identificar o que a literatura tem discutido acerca do assédio em instituições de ensino superior no Brasil. A metodologia se deu a partir de uma revisão integrativa da literatura, onde foram levantados artigos nas plataformas Scorpus, Scielo e Speel, a partir dos descritores: “assédio” ou “harassment”, e “universidade/instituições de ensino” ou “university”. Após a adoção de critérios de inclusão e exclusão, o corpus analisado foi composto por 22 artigos. A pesquisa desenvolvida tem potencial de contribuir significativamente para a compreensão do assédio nas IES e para a implementação de ações efetivas de prevenção e combate a essa problemática. Através das produções que têm discutido o assédio, buscou-se caracterizar elementos da cultura do assédio que favorecem a existência de tais práticas nocivas nas IES, dentre eles: a estrutura patriarcal da sociedade, a sensação de impunidade e o silenciamento das vítimas, que contribuem para que diversas vítimas não denunciem seus agressores, perpetuando a prática do assédio, que tem como principais alvos mulheres, pessoas não brancas e a população LGBT. A cultura do assédio dentro do ambiente universitário parece se favorecer do modelo organizacional das IES, fortemente ancorado na estrutura hierárquica e nas decorrentes relações de poder, onde professores e orientadores podem utilizar de sua posição de poder, gerando comportamentos abusivos, ou ainda criando ambiente de rivalidade entre os membros da comunidade acadêmica. Identificou-se ainda que os danos causados pelo assédio no ambiente universitário são diversos, como por exemplo: o aumento do estresse, o desenvolvimento de depressão e baixa autoestima, gerando impactos negativos na produção acadêmica, no desenvolvimento acadêmico e profissional dos indivíduos, e nos estudos. São poucas as ações de prevenção e combate apontadas pela literatura dentro das IES, algumas instituições possuem canais de denúncia ou de reeducação em relação à prática de assédio. Discute-se ainda que a punição dos agressores, a implementação de comitês de escuta e os espaços de acolhimento às vítimas têm potencial para estimular ambientes mais saudáveis para os membros da comunidade acadêmica. Por fim, é importante destacar a importância que IES desenvolvam medidas que promovam mudanças em sua cultura organizacional, fomentando a discussão preventiva sobre o assédio, as estratégias de combate aos casos que surgem e medidas que busquem melhorar a segurança dos trabalhadores e estudantes no ambiente universitário. |