Resumo |
Introdução: O Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) está associado a prejuízos no funcionamento pessoal, social e/ou acadêmico, possuindo etiologia pouco conhecida. Apresenta risco poligênico e influência de fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais. Classe social, renda e escolaridade baixas, assim como desemprego dos pais associam-se a maior risco de TDAH nos filhos. Objetivos: Descrever o perfil sociodemográfico de crianças com TDAH atendidas em serviço de Psiquiatria Infantil da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Metodologia: Projeto aprovado pelo Comitê de Ética da UFV (nº 4.364.744) e protocolo de estudo registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos. Após a assinatura dos termos de Consentimento Livre e Esclarecido e de Assentimento pelos responsáveis legais e pelas crianças respectivamente, iniciou-se um estudo de coorte aberta prospectivo realizado na Unidade de Atenção Especializada em Saúde (UFV). Foram incluídas 62 crianças (6 a 14 anos), de ambos os sexos, virgens de tratamento, sem comorbidades clínicas e/ou psiquiátricas, com critérios diagnósticos de TDAH pelo DSM-5, diagnóstico feito por entrevista semiestruturada, seguida por avaliação psiquiátrica. Os responsáveis responderam aos itens do Critério de Classificação Econômica do Brasil de 2022 e da parte sociodemográfica da versão brasileira da entrevista semiestruturada K-SADS-PL (Schedule for Affective Disorders and Schizophrenia for School Aged Children Present and Lifetime Version). Os resultados foram descritos em frequência absoluta e relativa, por suas médias e seus desvios-padrão. As análises foram realizadas no software SPSS (versão 23.0 para Windows). Resultados: As crianças apresentavam idade média de 8,58 ± 1,91, variando de 6 a 14 anos, com predominância do sexo masculino (71%). A maioria das crianças estavam no ensino fundamental (82,3%) de escolas públicas (80,6%), sem reprovação escolar (96,8%). A mãe e/ou pai biológicos eram o chefe de família em 71%. Em relação à renda familiar, 24,2% dos responsáveis não responderam o questionário. Dentre os respondentes, 2 (3,2%) pertenciam à classe A (R$ 21.826,74), 4 (6,5%) à classe B1 (R$ 10.361,48), 10 (16,1%) à classe B2 (R$ 5.755,23), 11 (17,7%) à classe C1 (R$ 3.276,76), 14 (22,6%), à classe C2 (R$ 1.965,87) e 6 (9,7%) à classe D/E (R$ 900,60). No quesito escolaridade, 29% dos pais e 24,2% das mães não finalizaram o ensino médio. Especificamente com relação à escolaridade materna, 3,2% das mães não completaram o ensino fundamental I, 37,1% concluíram o ensino médio e 9,7% finalizaram o ensino superior. Conclusões: Nossos achados demonstram que, aproximadamente, 73% das famílias que responderam o questionário encontram-se nas classes C2, C1 e B2, equivalentes à uma renda mensal aproximada de R$1.965,87 a R$5.755,23. Quase um terço dos pais (29%) e um quarto das mães (24,2%) não concluíram o ensino médio, enquanto que apenas 3,2% dos pais e 9,7% das mães, finalizaram o ensino superior. |