Resumo |
INTRODUÇÃO: Estudos têm demonstrado que integrar as demandas espirituais no cuidado em saúde traz efeitos positivos para os pacientes. Apesar das dificuldades dos profissionais em abordar essas questões, a consideração deste tema é apontada como um fator que influencia na qualidade da comunicação e na confiança com o profissional de saúde. As pessoas almejam se conectar com o que dá sentido à sua vida, mesmo diante de emoções difíceis, mudanças e dor física e faz parte da competência profissional de saúde este papel, de forma a atender às necessidades dos pacientes em relação à sua própria existência. OBJETIVOS: Investigar a influência de aspectos religiosos relacionados à saúde em pacientes atendidos em centro de referência secundário em saúde no município de Viçosa-MG. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal descritivo e de análise quantitativa. Utilizou-se um formulário elaborado pelo grupo de pesquisa, adaptado dos instrumentos WHOQOL-SRPB field-test instrument. A presente pesquisa foi realizada na Unidade de Atenção Especializada em Saúde (UAES). A população do estudo contempla a população adulta de Viçosa e microrregião encaminhados para os ambulatórios da UAES. No presente estudo, foram incluídos pacientes com idades igual ou superior a 18 anos, atendidos na unidade a partir do segundo trimestre de 2022, que aceitaram responder o questionário, após assinarem o TCLE. Foram excluídos os adultos com problemas psiquiátricos ou neurológicos que o impeçam de responder o questionário. Os dados coletados foram digitados no software Excel e a partir disso foi feita uma análise descritiva inicial. RESULTADOS: Foram entrevistados 172 participantes, a maioria com ensino fundamental incompleto (34,3%) e casados (47,7%).A maioria dos participantes relata que a conexão com Deus é importante para lidar com momentos difíceis e proporcionar conforto e bem-estar (83,7%). Os resultados demonstraram que há uma divisão de opiniões sobre a importância de os profissionais de saúde perguntarem sobre crenças religiosas ou não (34% versus 35% respectivamente). Poucos participantes perguntam aos profissionais de saúde sobre suas crenças religiosas (93,6%), e a maioria relata que os profissionais de saúde nunca perguntam sobre suas crenças religiosas (82,6%). No entanto, quando os atendimentos respeitam as crenças religiosas, a grande maioria dos participantes relatou se sentir mais acolhida (60%). CONCLUSÃO: Conclui-se que é importante abordar o tema de forma acolhedora e respeitosa nos ambientes de saúde, salientando que assuntos que envolvem crenças, religiões e espiritualidade podem ser muito delicados para certas pessoas, e terem relevância significativa no decorrer e na evolução da conversa entre médico e paciente. Dessa forma, um bom entendimento sobre o perfil religioso/espiritual local, aliado a uma abordagem das crenças religiosas, podem contribuir muito para o bem-estar do paciente e tornar sua trajetória no tratamento de saúde mais equilibrada. |