Resumo |
As microalgas são importantes seres unicelulares, autotróficos que desempenham um papel crucial na produção de oxigênio. São muito eficazes em testes de toxidade, que consistem em expor a microalga a diferentes concentrações de componentes químicos, sendo muito empregadas na análise de diferentes contaminantes emergentes. Os resultados são avaliados de acordo com a taxa de crescimento no meio de cultivo, sendo sensíveis e fornecendo resultados quantitativos. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de extratos de café, com possibilidade de aplicação em embalagens alimentícias, na viabilidade de microalgas. Os extratos hidroalcoólicos de grãos verde e boia de Coffee arabica foram produzidos por maceração. As amostras foram preparadas solubilizando o extrato bruto em DMSO para obtenção de seis concentrações para teste que variaram de 0,6 a 1,6 mg/mL. O ensaio de viabilidade foi realizado com um isolado pertencente à espécie Chlorella sorokiniana. A microalga foi cultivada em meio BG11 por cinco dias, com fotoperíodo de 16 horas claro e 8 horas escuro, a 27°C sob agitação de 100 rpm. A densidade celular foi determinada por contagem em Câmara de Neubauer e os ensaios foram realizados em placas de 48 poços com 50 mil células/poço, em volume final de 1 mL e triplicata. Foram usados como controle a ausência do extrato, diferentes concentrações de DMSO e o extrato na ausência da microalga. As placas foram incubadas nas mesmas condições por 96 horas seguida da análise espectrofotométrica a 680 nm. Os dados foram analisados em porcentagem de viabilidade microalgal e comparados por ANOVA seguida do Teste Dunnet no software GraphPad Prism 8. As diferentes concentrações de extratos testadas foram solubilizadas em 3,2% de DMSO, e o ensaio realizado com a microalga em diferentes concentrações do veículo, demonstrou que essa concentração de DMSO não é tóxica para a microalga. O ensaio realizado com os extratos de café, demonstrou que tanto o extrato de café verde quando o extrato de café boia, em todas as concentrações testadas, diminuíram significativamente a viabilidade de Chlorella sorokiniana. No entanto, os efeitos de ecotoxicidade dos extratos de café verde e boia oriundos de Coffee arábica, seriam melhor determinados mediante a ensaios realizados com outras espécies de microalgas e outros indicadores ambientais, não sendo possível afirmar a inviabilidade de seu uso em embalagens alimentícias.
Apoio: CNPq, Fapemig, Capes, Pesquisa Consócio Café, EMBRAPA-Café. |