Resumo |
A chia (Salvia hispanica), cujas sementes são consumidas in natura ou em forma de farinha em alimentos, são ricas em antioxidantes, proteínas, óleos insaturados e fibras alimentares. Apesar de sua popularidade e propriedades benéficas para a saúde, a semente é industrialmente processada principalmente para a extração do óleo, rico em ômega 3, gerando um resíduo rico em proteína. A semente de chia possui elevado conteúdo proteico (21.2% m/m), além de boa qualidade nutricional (contém todos os aminoácidos essenciais). Porém ainda existem poucas informações quanto ao processo de extração e às propriedades tecno-funcionais do concentrado proteico de chia. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o efeito do pH na solubilização das proteínas de chia, visando otimizar o processo de extração das proteínas por precipitação isoelétrica. Para isso, a semente foi inicialmente submetida ao processo de extração de mucilagem e óleo. A extração da mucilagem foi realizada em meio aquoso em pH 8,0 sob agitação por 2h. A suspensão de mucilagem foi separada das sementes em despolpadeira, gerando uma torta úmida e uma suspensão de mucilagem. Ambas foram congeladas e submetidas à liofilização. Em seguida o óleo foi extraído da torta seca por prensagem a frio seguida de extração com solvente hexano (1:4) a 25°C. Temperaturas amenas foram utilizadas neste estudo com o intuito de preservar as características das proteínas. A farinha desengordura foi utilizada para a extração das proteínas, que envolve a solubilização das proteínas em uma solução alcalina diluída. Para isso a farinha foi adicionada de água destilada na proporção sólido-líquido de 1:15 (m/v) em diferentes pH (2, 4, 6, 8, 9, 10, 11 e 12) e submetida a agitação por 90 minutos e centrifugação. A quantidade de proteína solubilizada no sobrenadante foi quantificada pelo Método de Lowry. Sabe-se que a solubilidade das proteínas é influenciada pelas interações eletrostáticas entre as cargas dos grupos funcionais nos diferentes pH. A concentração de proteínas extraídas no sobrenadante aumentou com o pH, variando de 0,96 ± 0,29 (g/L) no pH 2,0 a 8,63 ± 1,2 (g/L) no pH 12, ou seja, as cargas negativas facilitaram a interação das proteínas com a água, tornando as proteínas mais solúveis. Conclui-se que o rendimento da extração de proteína de chia foi maior em pH 12, porém este pH elevado pode provocar modificações estruturais nas proteínas, assim como em suas propriedades tecno-funcionais. Pretende-se também avaliar o efeito do tempo de agitação (em pH alcalino) no rendimento da extração com o intuito de otimizar o processo, além de avaliar as propriedades emulsificantes dos concentrados proteicos obtidos. |