Resumo |
Clarice Lispector foi uma renomada escritora brasileira do século XX, nascida em 10 de dezembro de 1920, na cidade de Tchetchelnik, na Ucrânia. Sua família emigrou para o Brasil quando ela tinha um ano de idade, mudando-se para Maceió, no estado de Alagoas. Clarice deu início à carreira literária como cronista e colaboradora em jornais e revistas. Aos 22 anos, lançou seu primeiro romance, "Perto do Coração Selvagem", o qual lhe rendeu reconhecimento e reputação como escritora. A obra A hora da estrela (1977) foi publicada pela escritora em pleno contexto de ditadura militar no Brasil. Nesse momento, o rádio era veículo fundamental da sociedade brasileira e, no referido romance de Lispector, esse aspecto é explicitado pela escuta da personagem Macabéa. A narrativa em "A Hora da Estrela" gira ao redor de Macabéa, nordestina, pobre e ingênua que se muda para a cidade do Rio de Janeiro. Ela trabalha como datilógrafa, apesar de ser quase analfabeta. Macabéa é uma personagem marginalizada, cuja trajetória é marcada por solidão, pobreza e ingenuidade. O presente projeto tem como objetivo principal analisar a presença do rádio na narrativa a partir de dois conceitos: o de “produção de presença” e de “cultura dos sentidos”, propostos por Hans Gumbrecht. Pelo primeiro, detemo-nos na percepção de Macabéa, e pelo segundo nas análises que se pode estabelecer entre a programação da rádio fictícia e a narrativa. Um dos temas mais estudados na obra diz respeito à pobreza, atentando para o fato de que Macabéa é uma jovem nordestina que migrou do sertão de Alagoa para o Rio de Janeiro. A despeito da importância dos estudos já realizados sobre a obra, a presente pesquisa busca preencher uma lacuna sobre o papel da Rádio Relógio na narrativa tendo em vista o diálogo com o rádio como meio de comunicação de massa, mas também a incorporação da linguagem desse meio de comunicação à estrutura da narrativa. Uma das frases da Rádio Relógio era “Você sabia?” e uma ideia repetida ao longo da narrativa era a de Macabéa não sabia de nada, até mesmo “não sabia que ela era o que era”. |