Resumo |
Na sociedade atual, a poluição por microplástico (MP) tem sido levantada como um dos maiores desafios para a humanidade e, em decorrer do seu impacto ambiental, existe uma necessidade de entender os efeitos desses polímeros no metabolismo dos seres vivos. Os MP estão presentes em diferentes superfícies terrestres e aquáticas, causando impasses relativamente silenciosos na qualidade do ambiente. As plantas aquáticas são grandes aliadas nos processos de fitorremediação de águas contaminadas. No entanto, ainda é importante compreender a extensão do efeito de estresse dessas partículas sobre a sobrevivência e desempenho dessas plantas na remoção dos poluentes. Neste estudo foram investigados os efeitos de partículas de polietileno no metabolismo de Azolla microphylla. Foram avaliados o crescimento da biomassa, o teor de amido na biomassa final e o índice de estresse relativo (IER), medido por mudanças nos pigmentos fotossintéticos. Além disso, procurou-se determinar se a presença dessas partículas poderia afetar a remoção de P-PO43- e N-NH4+ da solução de cultivo. Simultaneamente, foi investigado se a aplicação de fitormônio exógeno (citocinina) poderia mitigar possíveis efeitos tóxicos. Durante um período de 7 dias de exposição, as plantas expostas a MP apresentaram maior nível de estresse em comparação ao grupo controle. A presença da citocinina não aliviou o estresse, como evidenciado pelos valores elevados do índice IER para os grupos planta + MP (0,357) e planta + MP + fitormônio (0,497). Isso indica que os MP impactaram negativamente nas condições de estresse fotossintético da planta, sem serem compensados pela adição do fitormônio. Por outro lado, o tratamento planta + fitormônio não apresentou diferença no índice IER em comparação ao grupo controle. Os tratamentos com fitormônio, seja sozinho ou em combinação com MP, resultaram em maior acúmulo de amido (32,9% e 45,5%, respectivamente) em comparação ao controle (22,3%) ou apenas com MP (19,4%). Não houve diferença no crescimento relativo da biomassa, em base seca, entre os tratamentos. Em relação à remoção de N-NH4+, observou-se que os MP diminuem a capacidade da planta em removê-lo da solução, enquanto ao P-PO43- a redução só é evidenciada nos testes contendo MP e fitormônio. Esses resultados indicam que os MP têm um impacto negativo na remoção de N-NH4+ pela planta, enquanto a remoção de P-PO43- é afetada pela presença conjunta de MP e fitormônio. Portanto, com a exposição da planta a MP ocorreu alto estresse, que além de não ser aliviado pela citocinina, ainda indicou grande acúmulo de amido na presença do fitohormônio. Além disso, os MP dificultaram a remoção de fósforo e nitrogênio, o que pode levar a um aumento desnecessário desses nutrientes nos corpos d'água. São necessários mais estudos para avaliar o desempenho da A. microphylla exposta simultaneamente a MP contendo diferentes poluentes aquáticos. |