Resumo |
As doenças bacterianas representam um desafio à tomaticultura por apresentar dificuldade de controle curativo usando os produtos químicos atualmente disponíveis no mercado. Dentre essas doenças se destacam a mancha foliar causada por Xanthomonas euvesicatoria pv. perforans (Xep), que é predominante no Brasil, bem como o cancro bacteriano, causado por Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis (Cmm), que causa surtos esporádicos em tomate estaqueado. Até a presente data, não foram registrados pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil produtos de base biológica ou alternativos para o controle das doenças supracitadas. O Laboratório de Fitobacteriologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa está investigando o uso potencial no controle da mancha foliar e do cancro do tomateiro de compostos produzidos pela estirpe CFBM-UFV-ADR2 de Pseudomonas mediterranea (Pm), a qual apresentou atividade antagonista in vitro contra Cmm e Xep. O objetivo deste estudo foi determinar se os extratos brutos obtidos a partir de cultivos da estirpe Pm CFBM-UFV-ADR2 possuem atividade antimicrobiana contra Xep e Cmm. Para tanto, o sobrenadante do cultivo de Pm CFBM-UFV-ADR2 em meio Luria-Bertani (LB) foi sujeito a extração sólido-líquido utilizando os solventes Etanol, Acetato de Etila, Diclorometano, Hexano e água. A atividade inibitória do crescimento das estirpes Cmm 269 e Xep 167 foi determinada in vitro, em placas multi-poços, utilizando diluições seriadas 1:2 dos extratos. Incluiu-se como controles poços contendo o meio de cultura e apenas as bactérias sem extratos, apenas o meio de cultura e o meio de cultura com extrato bruto sem a presença das bactérias. Mediu-se o crescimento das bactérias na presença e ausência dos extratos por espectrofotometria (λ = 560 nm) após 24 e 48 h de iniciado o cultivo e calculou-se a porcentagem de inibição de crescimento (PIC) comparando o crescimento das bactérias com e sem os extratos. Também determinou-se a concentração mínima de extrato necessária para inibir o crescimento das estirpes bacterianas (CMI) a partir dos dados de absorbância na presença de diferentes concentrações dos extratos. Três repetições para cada tratamento foram utilizadas no experimento. Observou-se que o extrato bruto obtido com diclorometano causou 95% de inibição do crescimento de Cmm. A CMI desse extrato, após 24 e 48 h de crescimento da estirpe Cmm 269 foi de 7,0 µg/ml e 10,4 µg/ml, respectivamente. Já o extrato em etanol apresentou maior atividade in vitro contra Xep 167, inibindo 100% do seu crescimento e mostrando ação bactericida. A CMI desse extrato, após 24 e 48 h de crescimento da estirpe Xep 167 foi de 5,8 µg/ml e 3,5 µg/ml, respectivamente. Com base nos resultados, é possível concluir que os compostos presentes no extrato em diclorometano e em etanol, têm potencial para o controle alternativo de Cmm e Xep, respectivamente. |